À medida que pressente a derrota de sua construída biografia de guerrilheiro de bala perdida, Zé Dirceu foi assumindo um ar tipo assim Conde de Monte Cristo. Anda borocoxô, cabisbaixo e cabeludo. Diz que, se for condenado, cumprirá pena. Até porque acha que o período de cadeia será curto.
Ledo engano: esta pena é para sempre. Nunca mais sairá do seu currículo. Esta não é a mesma cadeia que a ditadura lhe impôs, conforme contam seus historiadores; esta prisão lhe será aplicada pela democracia, ainda que morena e izoneira... Democracia!
DEPOIS VEM O RAPOSÃO
O apagão de ontem no Distrito Federal - que Dilma Vana prometeu que no Brasil não haveria "nunca mais" - retardou providencialmente o início do julgamento do Mensalão no STF.
Foi um atraso um pouco menor do que o provocado por Lewandowski, ainda ministro do Supremo e não do governo Dilma como já se cogita para a primeira oportunidade.
De qualquer maneira, nem um nem outro surtiu o efeito esperado pelo presidente de honra e o PT inteiro, de cabo a rabo: protelar a condenação dos caciques do partido para segunda-feira, depois da eleição. A urdidura saiu meiaboca: houve tempo suficiente para decretar o placar parcial de 3 x 1 para os mocinhos contra os malfeitores de malfeitos "republicanos".
Hoje, véspera do regabofe eleitoral que elege prefeitos e prepara para as majoritárias de 2014, o Brasil inteiro já sabe que o Mensalão não foi uma farsa e que os imediatos da verdadeira grande farsa, o Capeta de i tutti capi, serão condenados por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. O que ficou mesmo para depois da eleição é a caça ao raposão.