O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

19 de out. de 2012

Um País sem-vergonha

Do blog de João Bosco Rabello, do jornal Estado de S. Paulo:

Lula faz campanha para quem chamou de bandido

Em troca do apoio do PDT nacional a Fernando Haddad em São Paulo, o ex-presidente Lula gravou uma declaração de apoio ao prefeito de Macapá, Roberto Góes (PDT), candidato à reeleição. Preso na Operação Mãos Limpas da Polícia Federal, em 2010, Góes passou dois meses na Penitenciária da Papuda em Brasília.

No primeiro turno, Lula não se manifestou sobre a campanha no Amapá. Agora, entretanto, ofereceu-se para uma missão espinhosa, que até o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) – antigo aliado de Roberto – tratou de recusar.

Há dois anos, em discurso inflamado, Lula usou a ação da Polícia Federal no Amapá, que resultou na prisão de Góes, como exemplo do combate implacável de seu governo à corrupção. Quando a Mãos Limpas chegou ao noticiário nacional, Lula elogiou publicamente a PF e bradou que bandidos não ficariam impunes em seu governo.

No mesmo descompromisso de sempre com os fatos, o ex-presidente diz agora que Góes, a quem chama carinhosamente de Roberto – e que faz campanha sob restrição judicial – é depositário da confiança e dos sonhos dos cidadãos de Macapá.

É preciso votar em Roberto, diz ele, para ajudar a construir “um Brasil forte, cheio de vida, onde as pessoas caminham com confiança cada vez maior na realização de seus sonhos”.


A plena confiança na falta de memória do eleitor – que um juiz de Macapá recentemente achou por bem manter desinformado -, leva o ex-presidente a um flagrante daqueles que provoca a chamada “vergonha alheia”.

“Quando tem roubo a gente pega, vocês viram o que aconteceu agora no Amapá. Só tem um jeito de um bandido não ser preso neste país, é ele não ser bandido”, disse ele em 2010, três dias após as prisões do então governador do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP), do ex-governador Waldez de Góes (PDT), do presidente do Tribunal de Contas José Júlio de Miranda Coelho e do presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Amanajás (PSDB).

Roberto Góes, primo do ex-governador, seria preso três meses depois, pela mesma razão: desvio de R$ 1 bilhão em recursos federais, segundo a PF. O inquérito ainda está em tramitação no Superior Tribunal de Justiça e no Tribunal Regional Federal da 1a Região.


Há um mês o blog foi alvo de censura depois de revelar que Roberto Góes fazia campanha sob restrição judicial, já que não podia frequentar bares nem restaurantes à noite, nem se ausentar do município por mais de um mês sem autorização judicial.
O juiz Adão Joel Gomes de Carvalho determinou, em liminar, a retirada da matéria do ar. Após um veemente parecer contrário do Ministério Público, voltou atrás e revogou a própria decisão.
 
RODAPÉ SANATORIAL - Nada de novo no front. Em se tratando de Lula, nada mais coerente. É da sua natureza. Pena que ele tenha, em oito anos de poder, inculcado na alma brasileira essa falta de vergonha, essa cultura de esperteza que coloca de joelhos uma nação inteira, exceto aqueles que se apropriaram do País e não têm vergonha na cara.