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Contrariando a direção nacional do partido que se vangloria de não ter sido atingido nas urnas pela condenação de seus corruptos e quadrilheiros, o ainda presidente da Câmara diz que "se não fosse o Mensalão o PT teria saído melhor ainda nesta eleição".
Ele que diga o que lhe der na telha, mas na realidade o julgamento do mensalão serviu apenas como despiste - afora pela condenação de uns que outros malfeitores - valeu para desviar toda a atenção do povo brasileiro para o STF, como se o esquema de propina chefiado por Zé Dirceu dentro da Casa Civil fosse a principal fonte de renda do crime organizado que se infiltrou no Estado a partir de 2002 e que corre livre, leve e solto por todos os cantos da máquina governamental.
O Mensalão é uma titica de galinha nessa enorme galinhagem nacional que está estabelecida no seio dos Poderes constituídos pela eficácia da "estratégia de coalizão pela governabilidade". Tradução: qual é o seu preço para ser meu aliado? E o passo seguinte é a terceirização de fieis companheiros de última hora. A moeda é pública e notória.
Às vezes, o perdão de uma dívida de R$ 21 milhões vem em troca de dois minutos de TV; outras tantas, troca-se a sola de sapato de uma musa que levou um pé no traseiro, por um ministério qualquer; há ocasiões em que se abandona esporadicamente a cadeira presidencial para exercer com toda honra e glória um reles , no caso, ultrajante cargo de cabo eleitoral... Ou caba, caba eleitoral, para seguir as ordens palacianas.
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Entrementes, enquanto os olhos da nação estão voltados para o Supremo acompanhando o espalhafatoso Mensalão, ninguém percebe que a CPI do Cachoeira foi esvaziada e até parece que o bicheiro ficou rico sozinho; que as terceirizações estão quebrando a Petrobrás; que o Pré-Sal foi pras cucuias; que os PACs de todos os tamnhos e feitios são escândalos sufocados; que os apagões se sucedem por incompetência e descaso; que há roubalheira da grossa no Minha Casa, Minha Vida, desvios no Bolsa Família, licitações folgadas, concorrências fraudadas; desmatamento criminoso; grilagem na Amazônia e tráfico de madeira no Pará; roubo de minerais e pedras precisosas; que as maracutaias ministeriais ficaram pra trás e que a luta continua, companheiros - em cada canto da Esplanada dos Ministérios, maior lixeira nacional a céu aberto...
Todo santo dia tem manchetes de um novo rombo, uma outra grande fraude, estampada nos jornais que viram rodapé na edição de amanhã. O TCU já não sabe mais o que fazer para ser levado a sério. A bola da vez de hoje é apenas um repeteco dessa série interminável de filmes que a gente já viu:
TCU vê risco de prejuízo de R$ 2,48 bi e recomenda parar 22 obras federais. O Tribunal apresentou o relatório de 2012 do trabalho de fiscalização de obras públicas. Foram identificadas irregularidades graves em 124 empreendimentos.
Imagem/Coturnonoturno
O que é mesmo que isso quer dizer? Nada, vezes nada, igual a nada. Absolutamente nada. Puro exibimento do TCU que quer mostrar serviço diante de um país que extasiado e anestesiado descobriu, pela boca de Zé Dirceu, um dos seus mais ilustres malfeitores de malfeitos continuados que "este é um governo que não rouba e não deixa roubar". E o Capeta ainda vem dizer que "nunca antes nesse país um governo perseguiu tanto a corrupção quanto o nosso"...
Como assim "perseguiu"? Perseguiu pra quê, cara pálida?... Para mostrar que eram todos estrelas da mesma pandilha, ou para bancar o cachorro fiasquento que corre latindo atrás da bicicleta e quando o ciclista para, ele também deixa de ladrar?!? Talvez nenhuma das alternativas seja verdadeira, provavelmente, "perseguiu" apenas para poder continuar ladrando. Sem latir.