Os aposentados vivem resignadamente o outono de suas vidas
Os mais de 12 milhões de aposentados com mais de um salário mínimo têm nesse Brasil da Silva pelo menos o triplo de milhões de parentes, filhos, netos e afins, terceirizados como fieis servidores no governo que nos domina.
Esta é uma das mais vexatórias e poderosas razões do imobilismo dos anciãos dessa nação diante do criminoso fator previdenciário que lhes enfia o pé na cova e da sua cordata submissão aos donos do poder na hora de ir às urnas.
Foto/Wilmar Tavares
O sentimento de afinidade e gratidão pelos seus caridosos afins com diploma de carteirinha do partido sufoca a indignação dessa nação de aposentados.Ao contrário de se rebelarem contra a injustiça reiterada e desumana do fator previdenciário - criado nos estertores do governo FHC - que esse governo vem cometendo sistemática e organizadamente contra eles, os 12 milhões de venerandos inativos se submetem à força da cruel, fria e calculista "estratégia de coalizão" implantada no país por Lula e consolidada por Dilma.
Para o governo e, ironicamente, para os familiares que hoje amparam seus idosos aposentados, tanto faz que a idade, tanto faz que o tempo que realmente importa para uma pessoa, não sejam os anos que ela já viveu, mas sim os que ainda lhe restam por viver.
O que me entristece na resignação desse contingente de 12 milhões de aposentados que chegaram aonde já cheguei é que tudo aquilo que foi costume de liberdade e democracia esteja se convertendo hoje em dissimulada, inevitável e imorredoura tirania.
Essa gente e esse sistema que nos dominam, não prestam. De minha parte, lhes digo: sou aposentado, jamais inativo. Em outubro, vou de bengala até as urnas. Não é por nada, não; acho um charme usar bengala.