O PÉ DO CARA
Ele estava lá. De corpo presente. E com o seu conhecido pé frio. Pensou que era barbada para o Corinthians enfrentar o Figueirense, lanterninha do Brasileirão.
E tudo tinha tudo para dar certo: o líder contra o lanterna, os gaviões mais fieis do que nunca e todas as probabilidades conspirando para que, com uma vitória do Corinthians, malgrado a presença do seu maior pé-frio, acabasse a sua triste fama de torcedor maldito.
Nem um pé de chumbo enterraria uma retumbante vitória corintiana, ainda que sob a maldição das pegadas mais gélidas dessa lenda urbana que é o Curingão.
Ele estava lá, na gloriosa terceira inauguração do Itaquerão, arena inacabada de mais de um bilhão de reais que em junho vai inaugurar a Copa dos Copos.
E, porque lá ele estava... Bateu urucubaca traveis: o 1° gol no 1° jogo oficial da 1ª Divisão do futebol da CBF foi do Figueirense, o último que nunca será primeiro.
E porque ele estava lá e a cúpula do PT cupulava nas galerias mal acabadas do Itaquerão e Andrés Sanchez irradiava simpatia rumo a uma deputação e Dilma Vana torcia com seu coração grenal, deu no que deu: bateu azarão traveis.
O Figueirense, último colocado no Campeonato Brasileiro, goleou o Corinthians pelo acachapante e elástico marcador de 1 a zero.
Pronto, não vai dar nem para contar a história de mais essa inauguração da terceira pedra fundamental do estádio do Timão, obra e graça da consultoria de Lula à sempre alerta Odebrecht.
Hoje, mais 40 mil torcedores alvinegros e 700 seguranças privados além da soldadesca já habitual nessa democracia da silva, são testemunhas oculares de que meter a mão até pode, o que não pode é ter pé frio.
Minha veia patriótica espera, com todo o ardor varonil, que Lula entre de pé direito também no jogo inaugural da seleção de Felipão contra a Croácia. E que esteja de corpo presente nos confrontos contra o México e contra a República dos Camarões.
É o meu selo de garantia de que a Copa das Copas vai decidir como deve as eleições de outubro. É a chance do Brasil sair ganhando.
RODAPÉ - Para um deus popular, que está no coração do povo, nos quatro cantos e aos quatro ventos dessa nação fanática por religião, política e até futebol, a expressão "acompanhar de perto" quer dizer estar no lugar, naquele lugar, em qualquer lugar, em todos os lugares. É o fenômeno miraculoso da onipresença. Ele estava lá.