O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

1 de out. de 2012

A Furona

Nesta segunda-feira, eu aguardava a hora de uma consulta médica no Centro Clínico de Brasília. A meu lado direito, a coisa de três metros de distância, se arrastava uma fila diante de um guichê para exames laboratoriais. Era uma ala específica para idosos. Os filantes se distraíam conversando banalidades de agora e de antigamente.

Eis então que chega uma velhota baixinha, com jeitinho de atrasada e atarefada ao mesmo tempo, apressada e furona. Expedita como ela só, colocou-se estrategicamente ao lado de um senhor que seria o próximo a ser atendido. Na primeira chance, deu-lhe um chega pra lá com o ombro, bundeou-o de lado e tomando a dianteira saltitou para o guichê.

Já ia colocando o pote com urina no balcão de atendimento, quando o idoso postergado não se conteve. Colocou suave e firmemente a mão sobre o ombro da impertinentes e com ar de contida irritação a fez saber:

- Não é a sua vez, minha senhora...
- Ah, moço, é que eu tô com diarréia.
- Mas pelo que vejo, seu exame é de urina...
- Sei moço, mas eu tô com dor de barriga.
- Tá bom, moooça... Mas aqui não é lugar de fazer cocô. Muito menos na minha fente. Sai pra lá, sai!

Tomou-lhe a frente assumindo o lugar que lhe pertencia. A furona foi sendo impedida de furar a fila por todos que tinham chegado antes dela. Entrei no gabinete médico.

Quando saí, cerca de 20 minutos depois, a furona estava ainda a quatro pessoas de ser atendida. Não, não tinha jeito de quem tinha feito nada nas calças. Sua cara era de quem comeu e não gostou.