Vá entender um Tigre Argh!entino
O tigrão virou tigresa de unhas negras e íris cor de mel.
Argh!entino é mesmo coisa que não dá pra gente entender. Os caras desembarcaram no Morumbi com mala e cuia, bota e espora só para brigar, cuspir, arranhar e mostrar para 70 mil brasileiros embasbacados que, muito mais que jogadores de futebol, eram uns tigrões. Aí, levaram um banho de bola, foram domesticados em campo e se amansaram de tal maneira que, na hora de voltar a campo para lutar pela Copa, preferiram ficar enjaulados na cozinha.
Conclusão: Tigre não é nome de clube esportivo; é marca de tubos e conexões. Vai ver que é por isso que os ferozes argh!entinos tubularam.
De bola mesmo, restou o placar de 2 x 0 construído por Lucas que fez o primeiro gol e deu de bandeja o segundo para Osvaldo fazer de cavadinha, tipo assim futebol de mesa, como se fosse um "botão cavador". Ficou também um detalhe fundamental: o São Paulo entrou reforçado pela ausência de Luís Fabiano que, lá na Argh!entina já tinha chutado os balagandans do mesmo zagueiro que esmurrou o nariz de Lucas, o já garoto de ouro do Paris Saint-Germain.
Dizer mais do que isso seria - como falam nos Pampas - queimar pólvora em chimango. O Tigre é mesmo um time selvagem, atração provinciana de um circo de segunda divisão, como é esta Copa Sul-Americana com relação à Libertadores. E seus tigrões viraram tigresas de unhas negras e íris cor de mel.
Agora sabem que, no Morumby, o mal é bom e o bem cruel. Dançaram como se estivessem num Frenetic Dancin' Days. Decerto, serão recebidos nas redondezas de Buenos Aires, onde nasceram e se criaram, como heróis de uma luta épica de 11 valentes argh!entinos contra 70 mil cobardes brasileños. Os 11 domadores tricolores eles já esqueceram, do mesmo jeito que abandonaram nos vestiários do Morumbi a mala, a cúia, as botas, as esporas e as medalhas de perdedores.
Vá entender um Tigre Argh!entino...
Não dá mesmo para entender. Mas outra coisa que não dá mesmo para entender é o torcedor brasileiro, pentacampeão do mundo, lotar um estádio das dimensões e da importância do Morumbi para ver um jogo pela Série B da Taça Libertadores da América. Deve ser o efeito colateral da campanha de Mano Menezes que botou o futebol brasileiro no honroso 13° lugar no ranking da Fifa. Mediocridade pega.
RODAPÉ - Esse time é um fracasso histórico de 100 anos na própria Argh!entina. Foi fundado em 1912, na cidade de Victória, província de Buenos Aires, só para entrar e sair da primeira para a segunda divisão do futebol de los hermanos. Este seria o seu primeiro título internacional. Não deu. A vocação de perdedor bateu mais alto no seu peito selvagem. E, se há alguma coisa que mexa com os brios dos argh!entinos, essa coisa se chama tradição. O Tigre cumpriu o seu papel de perdedor contumaz.