Dois kick offs e um mosqueiro
Grécia e África estão às moscas até hoje
Bastou a "inauguração" de dois estádios para a Copa das Confederações no meio do ano que vem, para os arautos do Brasil Maravilha comemorarem com manchetes ufanistas como se estivessem marcando os gols de uma fantástica goleada.
Foto: Div.
Bastaram apenas dois kick offs, dois rápidos e desviados pontapés iniciais da primeira-presidenta Dilma Vana, promovida a craque da próxima competição por rapadura, para o governo festejar a redescoberta de Fortaleza e Belo Horizonte.
Grande coisa entregar estádios. Qual é o preço que os cofres públicos estão pagando; qual é o valor residual desse exagero?!? A primeira pergunta não tem resposta de cunho econômico; é que não tem sequer licitação... A segunda é fácil: ficaremos às moscas.
Em outubro de 2004, então assessor de imprensa do Comitê Paraolímpico Brasileiro, banquei a pitonisa e vaticinei ao voltar de uma temporada de um mês em Atenas, embasbacado pelo gigantismo, pela nababesca e faustosa Vila Olímpica dos Jogos na Grécia, que o povo grego levaria pelo menos 40 anos para pagar o prejuízo de um delírio criminoso do seu megalômeno governo.
Olha só o jeito que está a Grécia. E só se passaram oito anos de uma festa de ricos e poderosos para engambelar o povo com a magia do esporte das mais diversas e eletrizantes modalidades. Os gregos ainda têm que amargar o gosto do desperdício por mais de 30 anos.
O fausto, o exagero proposital amparado pela visão enganosa de que as Olimpíadas deixariam um patrimônio residual de valor social inestimável, serviram apenas para encher os bolso dos organizadores. A grandiosa Vila Olímpica está às moscas.
O crime contra a sociedade grega, no entanto, não serviu de exemplo, não serviu pra nada. A África da Copa Jabulani está em ruínas, cercada de moscas.
O Brasil agora celebra o mesmo delírio bandido. O governo e seus acólitos, a Fifa e o COI brindam e comemoram a gandaia desse incomensurável delito que já começou a transformar o povo brasileiro naquilo que atrai as moscas. Levaremos mais de 40 anos para pagar o preço do mosqueiro.