Brinda!
O Brasil padece hoje do pior de todos os tipos de governo: aquele que comete um plano de poder e não um programa de governo. E o brasileiro parece não perceber que aqueles que não sabem governar não passam de usurpadores.
Aparvalhados há mais de 12 longos anos de espertezas daquele que interpreta, em canto solo, a voz rouca das ruas, os brasileiros já não estranham que o governo que ele sofre é invenção de uma pandilha que, com arte e manha, vem subvertendo as necessidades humanas da nação que virou do avesso: já não se tem necessidade e nem o menor respeito pela justiça, pela razão e pela verdade.
A maior aspiração de um povo é a de ser governado; seu maior direito é o de ser bem governado. Para os tempos luláticos que a população atravessa, a lei é a boca cheia de dentes de um gênio do mal; um pernicioso que vende com facilidade e sem medo de ser feliz o que lhe dá na telha para satisfazer, com cínica simpatia, o seu apetite de poder com jeito de quem reparte o pão e estende o cobertor da mais democrática sociedade que a História do Brasil já conheceu.
Não há nada mais prejudicial em uma república do que um analfabeto safardana espalhando opinião de sábio; a menos que, além disso, ele tenha poder de mando e seja governo, ainda que ao rés do chão, nos subterrâneos que abrigam os piores e mais ferozes animais políticos.
E lá se foi sob este jugo acobertado por mantos de populismo mais um "extraordinário" Natal. E nem bem se foi, já estás tu, ó brasileiro útil, outra vez sob os eflúvios da euforia enganadora, celebrando mais um ano que vem vindo, assim, redundante e sufocante.
Antes de erguer a taça em honra e glória aos que produziram o ano que se vai, levanta a carga de desenganos e desencontros que te fizeram de joguete em cada lance, em cada rodada do Brasil que os governos de todos os calibres redescobriram e jogam em cima da tua mesa, para ti e para os teus.
Faz isso; volta e revê o que foi 2012 porque o tempo passado é a melhor regra para medir o futuro. Tudo de bom e de ruim, todos os feitos e malfeitos, as calamidades e os escândalos ocorridos são mais certos do que tudo de bom quanto voltaram a te oferecer como se verdade fosse a vida se fazer só de bondades e não se desfazer em engodos, armadilhas e ilusões.
Volta teu olhar ao que te ficaram devendo; tu nada deves a quem não honrou promessas, a quem te fez de trampolim para seus a/ssaltos mortais.
Faz isso. Vai te fazer bem e beberás teu brinde em tua própria homenagem e em reverência aos que repartem a vida contigo sem mentir; brinda aos que de verdade te amam, sem te iludir, sem a hipocrisia dos que se apropriaram da sociedade que a ti e a todos nós pertence.
Ergue então a tua taça, brinda por teres sobrevivido com a paz dos homens de muito boa vontade a mais um ano que te foi empurrado garganta sadia abaixo por quem não merece estar no teu plano de caminhada pelo novo ano; brinda ao 2013, tu que tens um programa de fazer o futuro nu e cru sobrepujar o que te foi tão mal passado.