O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

16 de nov. de 2012

Presídio de Segurança Máxima...
O que é isso, companheiro?

Já que Zé Eduardo Cardozo, ministro da Justiça de Dilma Vana e do PT, cheio de sentimentos solidários para com os companheiros condenados resolveu tocar no assunto, seria bom que o brasileiro de boa paz soubesse o quanto se deixa levar por frases de efeito e clichês cotidianos.
Reprodução/Internet
Zé Eduardo prefere a morte a uma cadeia com cheiro forte. Para ele é preferível morrer do que curtir uma temporada num presídio brasileiro. O notável é que ele abomina e teme logo esse tipo de cadeia que está justamente enquadrado nas metas, objetivos e atividades de um ministro da Justiça que seja atento e diligente na sua missão de governar a parte que lhe toca nesse latifúndio chamado Brasil. Brasil Dilma da Silva.
Então, comecemos pelo princípio. O que é mesmo, companheiro ministro Zé Eduardo, essa coisa que o cidadão comum que vive engaiolado na própria residência, tanto ouve falar sob o codinome de "presídio de segurança máxima"? O que é isso, companheiro?
Já se sabe o que o companheiro ministro há de descrever: uma espécie de masmorra hi-tech, cheia de aparatos tecnológicos, aço, ferro e cimento em abundância; afinal o que abunda não prejudica...
Dirá didaticamente que se trata de um tipo de lar amargo, com celas individuais, de entrada restrita e impossíveis saídas intempestivas; uma casa cercada de reforços concretos, com hora de recreio e banho diário de sol quando o clima não está para chuvas e trovoadas;
Reprodução/webmedia
Será assim, no seu mode de ver, como uma grande casa de retiro com parlatório de vidro blindado para visitas nem tão intimas quanto aquelas que a mulher de Carlinhos Cachoeira faz de quando em vez e que as namoradas de velhos guerrilheiros de balas perdidas querem agora fazer todos os dias; um local onde celular não entra por cima dos muros que têm guaritas - só por baixo dos panos, até porque há fios de aço cruzados isolando o céu para inusitados pousos de helicópteros.
Enfim, presídio de segurança máxima é mesmo uma masmorra moderna com jeito de Big Brother Brasil, cercada de câmeras que mandam sorrir porque todo mundo está sendo filmado... Presídio de segurança máxima no Brasil é ainda assim, aquele que o companheiro ministro Zé Eduardo prefere morrer do que curtir numa boa temporada de repouso.

Há poucos, muito poucos deles para um país de dimensões continentais como o Brasil da Silva. Os mais charmosos e conhecidos são o de Tremembé, Catanduvas, Mossoró, Porto Velho, Campo Grande, Papuda... É de lá, no entanto, companheiro Zé Eduardo que a luta continua!
Assim como de dentro dos presídios de segurança máxima o PCC, o CV e seus genéricos mandam no crime organizado das ruas, Zé Dirceu e seus mensaleiros apenados - se chegarem a ser hóspedes de uma cadeia dessas - continuarão mandando nos majoritários que ainda atuam com plena liberdade na máquina pública.

Reprodução/Abril
"Preparado para ser preso", Dirceu teria um projeto político-presidiário de curta duração. Se presidiário for, vai usar a cela e o tempo para redemocratizar a República, uma vez mais. Dizem que gostaria de sair de lá como um Nelson Mandela brasileiro. Não vai ter motivo nem tempo para chegar a tanto. Para ser Mandela, precisaria de um Apartheid por aqui e pelo menos passar 20 anos preso como o notável líder africano passou. Ah, sim... Ter a têmpera de Nelson Mandela é fundamental.
Isso de sair da cadeia com um projeto de um Novo Brasil, mostraria apenas que cadeia nesse país é como malhar em ferro frio. Só provaria que o sistema carcerário brasileiro não funciona; não regenera; não cumpre a sua finalidade principal: não ressocializa o condenado. Zé Dirceu e seus apenados sairiam da masmorra hi-tec do mesmo jeito que entraram e, só para manter a tradição prisional, nada melhores.
A esta altura, só para não dizer que não se falou de flores, é bom saber que o Brasil tem hoje pelo menos 197 mil presos sem cela. E o Conselho Nacional de Justiça diz e não manda dizer que o país precisa construir no mínimo 396 presídios com capacidade para pelo menos 500 detentos cada, e só assim zerar o déficit de 197.872 vagas no sistema penal.
Reprodução/webmedia
Pelas contas oficiais o Brasil tem neste novembro de 2012 nada menos de 498.487 pessoas condenadas ou em prisão provisória. O país ostenta o galardão de ter o terceiro maior contingente de presos do mundo. Só perde na desclassificação social para os Estados Unidos e a China.
Mas, companheiro ministro Zé Eduardo, se esses 396 novos presídios não forem de segurança máxima, melhor esquecer; é dinheiro posto fora. O bandido entra hoje pela porta da frente e amanhã sai pela janela dos fundos. Esqueça. Aplique-se melhor a grana em incineradores de lixo orgânico.
E sabe lá então - só para voltar às falas do ministro que prefere morrer a ser preso no Brasil - sabe lá então o que quer mesmo dizer "presídio de segurança máxima", companheiro Zé Eduardo?

Quer dizer apenas que o resto do Brasil está desprotegido, totalmente a descoberto; que os outros presídios todos nem deveriam existir. Ora, se a segurança é pífia, os malfeitores agradecem e a população que se escape que o bicho tá pegando.

Se os presídios de segurança máxima são hoje pontos de referência para a coordenação geral do PCC, do PV e de novéis siglas partidárias que logo serão majoritárias no pedaço, então os outros presídios todos não passam de albergues de fácil acesso e constante vaivem dos bandidos mais baratos, mas tão perigosos quanto os malfeitores da máquina pública que apavoram e dizimam a sociedade brasileira.