O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

10 de nov. de 2012

Pé na embreagem; ainda não no freio!


Há muito tempo, desde os idos das marchas e contramarchas pelas Diretas-Já! - ou pelos comícios que impulsionaram a Constituição-Cidadã de 1988, não se via uma democracia tão ordenada e tão legal quanto esta que o Supremo Tribunal Federal está revelando ao Brasil da Silva.

Na alegria ou na tristeza, o brasileiro é um impulsivo que se deixa levar pelos sentimentos de bondade ou de crueldade, conforme se permita transportar para dentro dos fatos. O brasileiro, raramente, tem o domínio dos fatos.

O pior efeito colateral de um crime é o instinto do mal que o bandido passa para o homem de bem, pelo mal que comete. Se estupra e mata, logo vem à mente do cidadão de boa índole a vontade de vê-o bandido ser estuprado e morto; se o motorista do carrão importado atropela e mata um ciclista, nos vem à mente a desejo de vê-lo passeando de bicicleta na Marginal do Rio Tietê, em hora de pique.

Se os ministros do STF condenam 25 mensaleiros à cadeia, o nosso feeling se projeta à imagem e semelhança dos doutos e duros algozes dos réus; se lhes tiram os passaportes, dá vontade de tirarmos os sapatos, as malas de dinheiro e até as calças dos malfeitorers de malfeitos.

Se aparece alguém dizendo que vai caçar Lula pela mesma teoria do domínio dos fatos que condenou Zé Dirceu e sua comandita, então logo todos nós somos tão caçadores quanto Barbosa, Gurgel, Freire e similares...

E desse jeito então, somos todos acometido de súbito sentimento de alegria, de incontida euforia.

Mas o Brasil é um país tropical, criado por Deus e bonito por natureza. Bonito e cheio de brasilices. Tem seu jeitinho brasileiro de ser. É capaz de sair da euforia absoluta para a mais profunda depresssão. É sobre essa caixinha de surpresas que, uma excelsa fonte, de notório saber jurídico, me alerta nesse eterno País do Futebol.

Porque nos deu o sinal de alerta, sem autorizar-nos a usar seu nome em vão, concedoemo-nos o direito de silenciar seu nome e tomamos a liberdade de repassar-lhes as ponderações sobre o que ainda pode estar por vir, nesse porvir risonho que hoje, fruto até de uma certa saudade pela preservação da moral, se vislumbra como horizonte definitivo de felicidade geral da nação.

Relembra-nos a confiável e fidedigna fonte: "A cidadania - termo muito utilizado nos últimos 10 anos  -  está eufórica com o Mensalão. Poucos sabem que, além do ingresso do recém-ministro Teori Zavascki, sairão logo, logo, o ministro Aires Britto e no fim do ano, portanto dentro de 60 dias, o decano Celso de Mello".

Eis, então, o primeiro ponto a ponderar. Mas a fonte não secou:

"Assim é que há mais duas nomeações, além da última, para a nossa presidente
(concretizar). Falam por aqui (Rio Grande do Sul) no Adams (Luís Inácio) e em mais um acadêmico das hostes"....

A fonte, dona de larga experiência por sua efetiva e profícua atuação no Judiciário diz que "este processo dificilmente será executado. Muito tempo levaremos para a impetração de Embargos Declaratórios (único recurso que vislumbro)".

E mitiga toda a sede de eufóricas estimativas, ao nos abrir os olhos:

"Quando partirem (os ministros) para o julgamento dos embargos das defesas dos réus condenados, outra será a constituição da Corte e outras cabeças julgarão os tais recursos meramente protelatórios e então as interpretações sob as alegações defensivas virão de cabeças que não julgaram os réus - descompromissadas, pois, com os pensamentos dos três novos integrantes".

A sua contribuição para uma visão mais formal do que emocional continua, até levar-nos ao sinal vermelho para quem já dá por líquida e certa a temporada de prisão em regime fechado e extenso para Zé Dirceu, Zé Genoíno e tantos delúbios, chuvas e trovoadas que integram o pernicioso Cartel dos Calamares que se instalou na máquina pública nacional:

"Some-se a tudo isso a circunstância das festas de fim de ano e do recesso dos tribunais. Ao retorno, a coisa irá se arrastar ainda mais. O relator terá a presidência (do STF) nas mãos, mas o voto dele vale 1 e não 9" - sentencia a fonte.

Eia, pois, advogados nossos! Salve, salve! Melhor mesmo é fazer como nossa nobre fonte de farto know how jurídico nos orienta, antes que a emoção e a euforia nos conduza a um vale de lágrimas: colocarmos o pé na embreagem - ainda não no freio - pois tudo leva a crer que haverá redução de marchas, trânsito lento e até engarrafamento.

Aqui, pedimos vênia à ilustre fonte para lhe roubar a imagem de retórica e então menos velhos que o diabo para, mais medrosos e pessimistas, considerarmos que tudo quanto se viu no transcurso desse julgamento deve ter causado inveja aos Césares romanos: "bastante pão e festa para a patuléia".

Enfim, eis-nos aqui, menos medrosos e mais pessimistas. Que diabo, esse Brasil é tão grande quanto se faz de pateta. E se assim é, quem somos nós para não sermos levados numa hora dessas pelo mesmo sentimento dos que mandam no País?

Somos, sim, uma troupe de grandes patetas! Maiores até que  "o maior pateta da História do Brasil" - como foi classificado o antecessor de Dilma Vana, pelo advogado Luiz Francisco Corrêa Barbosa, defensor de Roberto Jefferson.

Pode-se até perder a euforia, mas entrar em depressão, jamais. Somos  brasileiros patetas, com muito orgulho; não desistimos nunca. Mas com o pé na embreagem, como sabiamente, aconselha a fonte onde fomos colher sabedoria, pois a prudência há de ser um dia, o melhor caminho para a euforia.