O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

14 de nov. de 2012

ANTES A MORTE!
Zé Eduardo, ministro da Justiça de Dilma Vana e do PT, ainda sob o impacto das condenações de Zé Dirceu e Delúbio Soares à cadeia em regime fechado: "Se eu tivesse que ficar anos numa prisão aqui no Brasil, eu preferia morrer". Isso foi um desafio, um convite, ou apenas uma sugestão aos indigitados companheiros de luta?

O CONSELHEIRO
Cá pra nós, sem forçar barra nenhuma, essa declaração de Zé Eduardo, mesmo dita como coisa de um simples companheiro e não como palavra de ministro, não lhe parece algo assim como um conselho, tipo "façam como eu! Mirem-se neste espelho!", não parece, não?!?

TRISTE DESABAFO
O triste nesse desabafo-conselho do ministro da Justiça de Dilma é que a opção pela morte não é pela vergonha das razões da condenação  - a desfaçatez moral, a corrupção, a fraude, o engodo, a hipocrisia, os malfeitos - é só por uma questão de privação do conforto, da quebra no padrão de vida que desfrutam os proprietários da democracia que inventaram para si mesmos. O ministro morreria de desgosto por perder as regalias de um bon vivant.

AO SOL DO TREMEMBÉ
Ainda não está decidido em que presídio Zé Dirceu vai cumprir sua pena de pelo menos 1 ano e 9 meses em regime fechado e outro tanto no semiaberto, mas Joaquim Barbosa já avisa que cela especial é para só para casos de prisão temporária. A hipótese mais aventada até agora é que Dirceu vá cumprir sentença no presídio de segurança máxima do Tremebé. É lá que, numa dessas horas de sol pelo pátio ele pode encontrar-se com Suzane von Richthofen que mandou matar os pais e Elize Matzunaga que esquartejou Kitano, seu marido, sócio da Yoki. Como Zé Dirceu já despertou até os "instintos mais primitivos" em Roberto Jefferson, há quem acredite na hipótese do republicano ex-guerrilheiro dar um tirinho nas companheiras boas e batutas.

FIQUEM COM ELES
Assim como Lula, ao descer a rampa do Palácio do Planalto e encaminhar sua caravana de 11 caminhões de mudança para São Bernardo prometeu que se dedicaria à missão de provar que o Mensalão era "uma farsa", Zé Dirceu quando foi demitido do governo Lula, jurou que provaria sua inocência. Como já se sabia, promessa não é dívida para Lula e inocência é culpa no cartório de Zé Dirceu. Quem os conheça que os compre! Mas é bom saber antes o valor de mercado que, nesses últimas temporadas, anda mal de estoque com garantia de fábrica como nunca antes na história desse país. É tudo pirataria.

O LADRÃO
A pirataria é geral. Agora mesmo, o juiz da 1ª Vara da Fazenda Pública de Belém (PA), determinou o bloqueio dos bens do senador tucano Mário Couto. Ele é acusado pelo Ministério Público de improbidade administrativa. Pelo processo movido pelo Ministério Público, o senador teria desviado R$ 13 milhões em onze licitações fraudadas entre 2004 e 2007, quando foi presidente da Assembleia Legislativa do Pará. Mário Couto, poucos dias atrás, subiu à tribuna do Senado e chamou seus colegas de "ladrões". Sabia do que falava. Em matéria de Parlamento, para o senador que discursa, o ladrão é sempre aquele que não está ocupando o púlpito. Em dia de expediente, bem entendido.

ARMAGEDOM
Cuidado com o Armagedom da Silva! Aquele bafo de "temor de se criar um retrocesso institucional" que FHC engoliu em 2005 na hora de pedir o impeachment do então presidente do Mensalão, foi só arte e manha dos bruxos do governo de então. Já se sabe que não haveria retrocesso nenhum; pelo contrário, a democracia e o Brasil teriam lucrado sete anos de história séria e honesta com a exposição da corrupção desenfreada e com o fim do sentimento de impunidade que só agora o STF começou a decretar.

Pois agora, com o cerco cerrado, a blitz desencadeada contra a boa-vida desse cartel de malfeitores, os aguapés já se movem querendo que o lamaçal continue como vinha sendo até aqui. Com os quadrilheiros indo para a cadeia junto com o seu chefe aparente, testa de ferro do chefe de todos os chefes, o momento é de preparação para o combate. Agora "é nóis ou eles" - já rumina em seu português castiço o Capeta de tutti capi. E vai começar o rebuliço.

Como Dilma Vana está conseguindo escapar imune dessa lama toda - não deu um pio até agora sobre a cadeia dos malfeitores da República - as chances constitucionais de volta do grande chefe ao Palácio diminuem consideravelmente. E menores ficam, porque a Justiça já está tirando do seu paiol de marcas digitais e indícios irrefutáveis, pólvora suficiente para abater o mentor e guardião que tinha o domínio de todos os fatos, de todos os malfeitos cometidos a partir de Sua Casa Civil, Sua Vida.

Isso, o Capeta não aguenta calado. Vai promover o clamor da sua voz rouca nas ruas. Vai deflagrar o seu Armagedom. Até que Dilma Vana desça a rampa. Ou que ele acabe - quem diria?! - fazendo companhia a seus companheiros de "fidelidade canina" em bucólicas tardes de sol quadrado.