Essa campanha sistemática e organizada, com jeito de espontânea e despojada, contra a investigação de Lula como chefe de Zé Dirceu, condenado como chefe do Mensalão, tem os contornos típicos da cumplicidade.
Essa blitz cometida por invasores dos cadernos políticos dos jornalões e dos estúdios de TV de cabo a rabo desconstruindo o processo que segue os indícios e as impressões digitais deixados por aquele a quem Zé Dirceu e sua curriola obedeciam com "fidelidade canina" é desprovida de moral e de credibilidade, posto que vêm do presidente nacional sabem do quê?... do PT.
Vem também do líder do mesmo PT, na Câmara; do outro líder, por acaso, do PT, no Senado; vem até do mineiro Aécio Neves - ou não seria mineiro se não tirasse proveito de cutucar Dilma Vana tomando o partido de Lula numa hora dessas: bolas, como se sabe, Lula é o maior concorrente de Dilma para 2014.
Esse movimento de defesa de Lula se sustenta em que pilar de honradez e dignidade? Por que não investigar? É pra deixar assim, tudo por isso mesmo? Fica melhor do jeito que está para o Brasil, ou para quem? Não investigar Lula é melhor, ou pior para Lula? Ah, bom.
Então, vai ver que talvez não se deva mesmo investigar Lula. Não se deva investigar Lula apenas por isso. A quadrilha do Mensalão não é nada diante do Cartel de Malfeitores da República.
Os vendilhões de 30 dinheiros mensais, são freiras ingênuas, meros aprendizes de feiticeiro diante dos cardeais republicanos que compram partidos com cargos públicos; trocam solas de sapato em palanques eleitorais por ministério; transformam inimigos em aliados pagando com terceirizações nos quadros funcionais da Esplanada dos Ministério para o País afora e adentro; fraudando licitações, festejando consultorias com guadanapos, banqueteando-se com obras de planos acelerados de crescimento que não saem do papel e acabam em incomensuráveis malas pretas; praticando o tráfico de influência como moeda corrente; montando empreiteiras com andaimes da máquina pública...
Investigar uma simples e corriqueira participação num esquema secundário que corria e continua com bom desempenho atlético pelas do oceano de lama que escorre pelas rampas mais notórias da República é um singelo álibi para encobrir a máfia que age com desenvoltura e absoluta impunidade no Brasil de hoje, um país que de zero a 10 tem nota 3,6 no índice do ranking mundial da corrupção.