10 anos e 10 meses de cadeia para Zé Dirceu
O subchefe do esquema Mensalão deve ficar um ano e meio encarcerado; depois goza a vida em regime semiaberto.
Então Joaquim Barbosa desmontou o esquema que Ricardo Lewandowski tinha em mente e conseguiu o voto de Ayres Britto antes que ele deixasse compulsoriamente o STF nesta sexta-feira.
Resultado: 10 anos e 10 meses de cadeia, em regime fechado para Zé Dirceu que ainda vai ter que pagar uma multa de R$ 676 mil. É pouco, tanto quanto diz respeito ao tempo, quanto no que se refere à devolução do dinheiro que está faltando nos cofres públicos.
Depois de cumprir um ano e meio, pouco mais ou pouco menos de cadeia, Zé Dirceu pode ser beneficiado com o regime semiaberto - aquele em que o presidário sai para trabalhar duante o dia, mas tem que dormir no cárcere. Há outras alternativas, como pegar uma boa colônia agrícola ou uma similar industrial.
De tudo isso, no entanto, o bom é que a primeira-mulher-presidenta, a ex-guerrilheira Dilma Vana vai poder retomar em paz e sem sobressaltos a campanha de sua reeleição, em 2014. Lula, ainda livre das malhas de Roberto Gurgel e Joaquim Barbosa, perdeu assim o grande articulador do projeto "Volta Lula" e ainda vai ter que se virar para escapar da teoria do "domínio do fato" que pegou o pé de Zé Dirceu e de Zé Genoíno.
Biografia não é álibi
Dirceu e Genoíno, os dois maiores Zés do esquema Mensalão pegaram as suas biografias editadas durante o período de anistia geral e irrestrita e, com elas em punho, se apropriaram indebitamente da democracia. Sabem agora que biografia não é álibi para a impunidade.
Medo da jurisprudência
Os patifes da República estão preocupados que, a partir de agora, a teoria a do "domínio do fato" vire jurisprudência e recaia sobre esse cartel inteiro de chefes terceirizados na máquina pública. Isso tem a cara do crime organizado estatal. Os mafiosos temem que seus laranjas sejam julgados pela desqualificação, ao invés de lutarem por chefias capazes e qualificadas para trabalhar pelo País.
O Crime Organizado está na Máquina Estatal
O crime de rua é desorganizado. O verdadeiro crime organizado está dentro da máquina pública. O STF acaba de desmantelar apenas uma facção do Cartel dos Calamares.
Reprodução/ Gangsters presos em Detroit/1929
A rede de corrupção, a malha de malfeitores de malfeitos contra a nação continua agindo sob a capa do Estado. Os mensaleiros, apesar da pose de "grandes coisas" e da projeção de seus dirceus, falsos e genoínos, eram todos mão-de-obra de segunda.
Os que ainda estão soltos ganham caminhões de mudança, cargos terceirizados na Esplanada,m recebem ministérios de mão beijada, tudo e muito mais numa boa, assim como moeda de troca por amizades com antigos adversários e alianças com mercadores de almas.
O crime organizado - mesmo depois da implosão dos mensaleiros - continua dentro da máquina estatal. Só o que falta agora é cair na barra do Supremo Tribunal Federal.