O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

26 de nov. de 2012

Lula falou 122 vezes por telefone com Rosemary

E então, o senador Demóstenes Torres foi cassado e ainda é promotor de Justiça em processo de extinção porque falava todas as semanas com Carlinhos Cachoeira. Era padrinho do bicheiro e dava presentes de casamento e de aniversário para ele. 

Agora a Operação Porto Seguro abortou que, nos últimos 19 meses, Lula falou 122 vezes ao telefone com Rosemary Nóvoa de Noronha, sua amiga e chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo. Isso deu em média uma ligação a cada cinco dias. Coisa assim pra não deixar ninguém morrer de saudade.

GRAMPO LEGAL

A informação correu por Brasília na edição local do Metro, jornal de tiragem nacional do Grupo Bandeirantes de Comunicação. O jornal diz que a troca de telefonemas se deu entre março de 2011 e outubro de 2012. Aí, Lula já não era mais presidente, só um bom companheiro.

As ligações foram grampeadas pela Polícia Federal, com a devida autorização judicial para casos e efeitos da Operação Porto Seguro que, na sexta-feira passada prendeu seis pessoas, dentre elas o nº 2 da Advocacia Geral da União, José Weber Holanda Alves, e dois irmãos chefetes de agências reguladoras, Rubens Vieira, da Ana (águas), e Paulo Vieira, da Anac (aviação civil).

O empresário Marcelo, irmão da dupla, também foi preso. A quadrilha é, digamos, acusada de corrupção e tráfico de influência.  Só isso.

Rosemary é, também digamos, suspeita de ser uma das cabeças do esquema, que vendia por até R$ 300 mil pareceres técnicos de servidores federais para empresas interessadas em negócios com o governo. Só isso também, até porque - se menos fizesse - não teria sido flagrada com a boca na botija e nem seria varrida, como foi, por Dilma Vana que volta aos bons tempos de faxineira.

NO MATO, SEM CACHORRO

Lula está, uma vez mais, num mato sem cachorro. Negar que telefonava para Rosemary, não pode - sua voz é par e ímpar; se disser que eram só papos de negócios, o bicho pega - que negócio é esse?!; se alegar que eram conversas de apenas bons amigos, dona Marisa Letícia pega, mata e come.

Não é pieguice, nem coisa nenhuma, mas a melhor das hipóteses para Lula é dizer que os 122 telefonemas foram todos muito sérios e com fins negociais, jamais deve alegar que foram nada mais do que uma boa conversa com a companheira, já que a luta continua.

Aí, companheirada, ninguém mais vai poder dizer que não sabe com quem está tratando. Se o cara trai dentro de casa, imagina o que não faz na rua. Nesse caso, a saída mais fácil para Lula é dizer que sabia mesmo do esquema de propina no gabinete paulistano da Presidência comandando por Rosemary sua telefonista predileta.

Assim, o Cara livra a cara. É que o brasileiro já se acostumou de tal forma com os malfeitores da República que prefere um sujeito safo a um pateta que não sabe de nada e não escuta nada, nem mesmo quando telefona de cinco em cinco dias só para saber inocentemente como vão as coisas.

Hoje, brasileiros e brasileiras preferem muito mais bater um papo com um especialista em saidinhas de banco do que levar um par de chifres para casa. Aquela cultura da estratégia de coalizão - em que tudo é só uma questão de preço -  pegou pra valer. Já está na alma da nação brasileira. Trair pode; não pode é ser pateta.

RODAPÉ - Lula pode alegar, numa saída pelos fundos, que o serviço de telefonia no Brasil está mesmo uma droga. Os 122 telefonemas foram todos engano. Vai ver que ele queria mesmo era falar com o Demóstenes.