O ruim que parece bom é péssimo

O Sisu - Sistema de Seleção Unificada, do MEC, mal abriu as inscrições e já registrou de cara e em menos de dez horas 146 mil candidatos. O Ministério da Educação celebra o fato de que podem disputar alunos que prestaram o Enem 2012 e não tiraram zero na redação. Isso é bom, ou ruim?

Sempre que o ruim tenta parecer-se com o bom, ele fica pior. Isso é péssimo. É a falência total do ensino superior. Pior até, é o fim do saber, da educação. Em seguida, semialfabetizados esfregarão diplomas de PhD na cara do Brasil.

E com eles os hospitais da rede pública serão intermináveis corredores da morte; os advogados saberão que petição é o pai do petiço; engenheiros e arquitetos confundirão maquetes com marquises; jornalistas só escreverão o que os governantes gostarem de ler; os analfas pensarão que semi-analfas são os que têm meio ânus, semibundas em abundância pela frente.
Quem alcançou 0,1 de uma nota que vai de zero a 10 está no páreo - "páreo" nesse caso é melhor do que competição, pois é uma corrida boa para muares. Na verdade, o Sisu é uma carreira cavalar. É o jeito PT de encurtar caminhos que - como sempre reconhece Marta Suplicy - "Lula nos ensinou".   Nada de se estranhar no país em que o presidente assinou sem ler uma reforma ortográfica desprovida de qualquer sentido. Tão sem noção que o governo da inteligenta-diligenta-presidenta Dilma Vana acaba de adiar a mudança por três anos. E então voltamos a escrever como antes.   Só guardando ainda um certo rancor pelo trema: nossa rebeldia é freqüente; e armazenando também uma boa dose de simpatia pelo hífen que, hoje, nos permite chamar Lula do jeito que bem nos aprouver: semi-alfabetizado, ou semialfabetizado sem tracinho ; semi-analfabeto ou semianalfabeto, sem qualquer traço de formação ou diferença. Isso é bom, ou ruim?!? É ruim. Vai ser só por três anos.