O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

30 de jan. de 2013

Indignação é trocar o gelo
Rebeldia com causa
 
ABr/Div
De novo, o brasileiro deixa os animais políticos agirem por ele. Da primeira-mulher-presidenta Dilma Vana, a governadores, deputados, senadores, delegados, até ao mais complascente fornecedor de alvarás - hoje um encolerizado ente social cheio de cidadania - passaram todos a peremptórias exibições de poder e a uma tardia força de fazer cumprir a lei.

Lindo, encantador como um canto de sereia, não fosse essa lei, a mesma que até à tragédia da boate Kiss ignoravam solenemente.

E eles prometem - como se não tivessem culpa de nada e solução para tudo - que "todos os culpados serão punidos, doa a quem doer".

O brasileiro é um povo manso até na sua indignação. Não passa da cólera repentina e esta é a forma tradicional de mostrar sua indigna ação.
 
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Grita, berra, faz que vai mas não vai e depois esquece. É da sua natureza. Espevita-se todo, mas não chega à ousadia-cidadã de enfiar a mão na cara, ou de pôr o dedo na moleira.

O povo brasileiro há muito tempo perdeu o poder de transformar sua indignação em uma ação digna, eficaz.

Há no Brasil 5.565 Santa Marias com pelo menos uma  boate Kiss, uma casa noturna de alta periculosidade em cada uma de suas esquinas de lucros tão grandes quanto irresponsáveis.

Ninguém melhor, nem mais poderoso do que os seus frequentadores - jovens e maduros - para dar um basta no império da insensatez que reina nessas arapucas de uma entrada só e sem saída; nesse reino de alvarás de preço baixo, no mais das vezes trocados por furtivas doses de uísque e entrada franca por baixo dos panos.

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Se a indignação que hoje cruza as fronteiras de Santa Maria se transformasse na simples atitude de trocar as pedrinhas do uísque pelo gelo total aos ingressos nas portas estreitas dessas casamatas tipo cabaré-moderno sem o menor respeito pela alegria de viver dos seus frequentadores, logo os seu proprietários se enquadrariam nos padrões da lei que deveria monitorar o universo das baladas que hoje abalam a nação.

Abalam hoje, só hoje; amanhã as baladas serão as mesmas. A exibição de um reles Alvará de Funcionamento - saído das gavetas de organismos públicos viciados - basta para garantir nos embalos de cada noite aquela sensação de eternidade de uma geração convencida de que tragédia só acontece com quem está nas outras mesas, de outras boates, de outros mafuás. 

Se a indignação se transformasse em uma greve geral frequência a boates, casas noturnas, bares, restaurantes que não oferecem segurança e pensam que cliente é só um saco de lucro, a geração atual seria mais que irada, uma juventude rebelde com causa... E efeito.