Venezuela sem posse, sem Chávez, sem Lula

Começou bem o governo desta temporada na Venezuela. O faraó Hugo Chávez nem tomou conhecimento da festa. Caracas é agora a segunda capital do Egito latinoamericano, presidido por um comandante mumificado, residente e domiciliado em Havana, metrópole política dos venezuelanos.

Nem só por isso, a coisa não cheirou muito bem... É que, o novo mesmo governo já chegou matando a democracia a pau. Pau, no sentido figurado da expressão. Caiu de Maduro proibindo as imagens da popularíssima celebração da continuidade  e do continuísmo do poder.

O que não se sabe até agora é a quem será debitada a conta desse primeiro rasgo de censura à liberdade de expressão na Venezuela. Uns dizem que a ordem veio de Cuba por conta do governo que terminou neste dia 10, outros garantem que foi coisa deste governo que começa neste mesmo dia 10.

Os dois lados concordam que o procedimento mais sensato, republicano e absolutamente constitucional seria adiar a definição de culpa indefinidamente. Quer dizer, até que Hugo Chávez escape da overdose de formol e assuma de novo a presidência do país.

Enquanto tudo fica assim, só para ver como é que fica, centenas de venezuelanos, convocados pelo partido chavista realizam uma grandiosa manifestação de apoio à posse fantasma de Hugo Chávez. Uma coisa de louco, tipo assim uma dessas passeatas convocadas pela UNE para avacalhar o julgamento do Mensalão pelo STF. O desencanto é tamanho que nem Lula, unha e carne com Chávez deu as caras por lá.

O bolo que Lula deu na cerimônia de posse do Fernando HaHaHaddad como prefeito de São Paulo até agora não teve nenhuma justificativa plausível. Esta ausência agora na hora da consagração do governo de um presidente que também não apareceu lá pela Venezuela, tem pelo menos uma explicação: Lula detesta cerimônias fúnebres. E ultimamente anda vendo fantasmas de tudo que é lado.

O jornal Folha de S. Paulo manchetou que "Mesmo sem posse, milhares vão às ruas festejar mandato de Chávez". Como a Folha não editou nenhuma foto, Dilma Vana a esta altura já deveria estar exigindo, calminha como sempre: - Cadê as provas, cadê?!?

Decerto seria um exagero da zelosa e guardadora primeira-mulher-presidenta do Brasil. Bolas, se tinha tanto interesse assim, por que não pegou o jatão embandeirado de tantas e tão sedutoras viagens dos tempos luláticos e não se coçou para dar um pulinho até a República Bolivariana? Interrogações à parte, há um lá que outro ponto positivo a ponderar.

Veja, por exemplo que, com tudo isso, o povo brasileiro já contabiliza a seu favor uma grande lição passada pela democracia venezuelana: posse de presidente é uma bosta! Terminou a eleição, não deu empate, pronto! O cara já é presidente. E ai de quem gastar um centavo com festanças e comilanças!

E tudo estaria em seus devidos lugares se não fosse mais esta informação de cocheira que nos chega a galope: delatores premiados mais próximos apunhalam uma vez mais Lula pelas costas. Revelam que seu desdém pela festa em Caracas, capital do Egito, território venezuelano com sede governamental em Havana, foi apenas um surto da sua já famosa Síndrome do Medo.

Como dona Marisa Letícia, depois dos festejos e bordejos tradicionais de mais um fim de ano, não se dá mais ao desplante de ser fotografada ao lado do Cara e, como pegaria mal para o Deus de Rosemary chegar em Caracas como se fosse coisa assim à la vie en Rose, ele não se animou a ir sozinho até lá...

Vá que de repente pintasse uma múmia a sua frente. Na correria, nosso herói não saberia dizer se estaria fugindo de Chávez ou de Fidel. Um homem prevenido vale por dois e um punhal é pouco nessas horas.