O Mal de Grease

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A tragédia na boate Kiss, em Santa Maria, detonou um estado de alerta que, desde Grease e os influentes tempos da brilhantina, dorme em berço explêndido no Brasil de fora a fora.

Pela grita geral que ensurdece o país em todos os meios de comunicação - jornais, rádios, revistas, redes de TV, webmedia de todos os tamanhos e feitios - leva à conclusão de que todas as casas de espetáculo das 5.565 cidades brasileiras serão fechadas até segunda ordem. Pronto, agora vai.

É que os organismos públicos que concedem os alvarás para essas modernas versões da moda boate-discoteca lançada por John Travolta e Olívia Newton-John, passarão a dar o devido valor ao seu papel de agentes reais do controle social no mundo do showbiz.

A emissão de um Alvará de Funcionamento para uma casa noturna não será nunca mais restrita à simples e conhecida ganância da coisa pública.

E, daqui pra frente, muito menos será uma pista livre para a propina que fecha os olhos para a burla das recomendações legais.

O Alvará passará a ter e ostentar, depois da desgraça na Boate Kiss - O Beijo da Morte, a devida importância que, pela sua própria raíz, responsabiliza a Prefeitura da cidade pelo funcionamento e tudo o que aconteça para bem ou para o mal dentro da casa de festas ou de lamentos que foi agraciada com esse salvo-conduto legal. Ninguém é mais responsável do que a Prefeitura pelo que haja de bom e de ruim num lugar desses.

Então, por isso e pela comoção provocada pela catástrofe da Kiss, o Alvará só será concedido de hoje em diante, depois de preenchidas todas as outras exigências - lotação máxima do local, horário de funcionamento, higiene sanitária, edificação, zoneamento, segurança pública, do trabalho e do meio-ambiente. A partir daí, toda concessão será castigada. Mas, para quem morreu, agora é tarde.