Pizza à carvonara
Eram duas grandes pizzas. Bonitas e apetitosas, tipo assim duas CPIs mistas do Congresso Nacional. Eram duas pizzas melhores até do que isso; bem melhores. Tinham o sabor do encontro em Araraquara, cidade bonita de São Paulo, com o casal de amigos que chegava de Brasília para comemorar com um certo atraso o novo ano que já chegara há três dias.
Alguns abraços de boas-vindas depois, todos se acomodaram à mesa para continuar o papo e colocar as vidas em dia, já que os donos da casa viajariam na manhã seguinte para uma temporada de duas semanas em praias de Santa Catarina.O casal visitante ficaria desfrutando as delícias de um sossegado recanto de família, até que se reencontrassem ali mesmo duas semanas mais tarde para as despedidas, com uma nova rodada de pizza.
E o papo corria frouxo, entre uma fatia suculenta da pizza portuguesa, sobre a mesa, com certeza e um corte bem nutrido da pizza de filé mignon, especialidade dos pizzaiolos mais famosos, ágeis e caros da progresista cidade.
As duas rodelonas coloridas e apetitosas tinham custado ao anfitrião módicos R$ 95 com porte pago e entrega na porta. Queriam mais o quê, em termos de atendimento e presteza?!? Só se fosse para dividir em 10 vezes, sem juros, pelo cartão. Bolas, atendimento não tem preço. É o símbolo
E então estávamos conversados. As pizzas, cercadas de refrigerantes, sucos variados e até um vinho que exalava um aroma da margem direita do rio Reno, valiam tanto em grana, quanto valiam a pena em cada mordida nos prazerosos bocados bem deglutidos. E até a conversa já estava em dia.
Foi então que, no meio do papo jogado fora, o dono da casa, mais que a conversa ejeta por entre dentes um pequeno bólido escuro e duro como pedra em cima do próprio prato... Tack! Ao ruído estranho seguiu-se uma exclamação curiosamente instigante:
- Mas, o que é isso? Um caroço, um pivô suicida, uma kriptonita?!?
E, prontamente, com a ponta do garfo afastou o estranho objeto do saldo restante da pizza de filé - turriscada nas bordas - agora mais mista do que nunca. Os circunstantes não sabiam o que dizer, nem o que traduzir. Uma coisa era mais que certa: pizza aquele objeto preto não era!
Feita a pesquisa sobre a távola redonda, chegou-se à elementar conclusão de que se tratava, nada mais, nada menos do que de uma intrometida pedra de carvão! Bolas, carvão.
Logo chegou-se a ponderar sobre os valores contidos naquele naco intruso do recurso energético mais numeroso da face da Terra. Concluiu-se que, apesar da boa vontade dos comensais, aquilo não era coisa para rechear um pizza de filé mignon.
Ora, não era nem sequer carvão mineral, daquele proveninete das rochas sedimentares; tratava-se simples e plebemente de um carvão feito a machado, saído da lenha, da chama ardente do forno comercial.
Soube-se disto, com o teste simples de pegar a pedra de dois centímetros de diâmetro e riscar o fundo do prato de porcelana branca mais à mão que estava na mesa. Deu pra escrever "bosta". Mais do que um desabafo, uma sólida constatação. Um descalabro, pois.
Chegou-se então ao veredito: telefonar para a pizzaria e comunicar a ocorrência. Dito e feito. Celular em punho, o ultrajado cliente chama o gerente. Vem o cara direto ao ouvido do reclamante:
- Pois não, senhor...
- Pois nào, não... Pois sim! Vocês me rechearam uma pizza com pedra de carvão!
O que o interlocutor disse lá do outro lado do celular, não se ouviu na mesa. Mas, o que se viu depois, foi um diálogo formal e bem educado. Um troca-troca de informações que terminou com o convite para alguém da pizzaria vir buscar a prova que deu origem à reclamação.
Os integrantes da mesa testemunharam apenas o final da ligação. O dono da casa encerrou o papo com enorme serenidade. E com um pouco de fome também, já que interrompera a refeição a meio caminho:
- Não, não quero indenização alguma; não quero outra pizza, nem duas, não senhor. Só quero é que você não escale o seu pizzaiolo para vir de moto buscar a pizza aqui em casa...
- Por que, senhor? - deve ter indagado o gerente.
- Pra que ele não suje a campaínha aqui de casa com as mãos que pegaram a minha pizza!
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COMO FIDEL
Hugo Chávez está com insuficiência respiratória. Mas a medicina cubana é insuperável. Chávez será eterno enquanto dure. Até assinar o ato de posse do novo governo, ele estará tão saudável quanto Fidel Castro.
RESSENTIMENTO
Confirmado: o silêncio de Dilma Vana com relação ao estado de doença de Hugo Chávez não é político e também não é verdade que ela esteja esperando algum sinal verde de Lula para mandar uma mensagem de solidariedade ou de pezar por tudo que está deixando de acontecer. Dilma Vana está mesmo é um pouco ressentida porque o companheiro bolivariano preferiu procurar a medicina cubana e não o atendimento pelo SUS aqui no Brasil.
AMIGÃO
Mais uma vez na hora H Lula se encolhe e fica na dele. O próprio Hugo Chávez não entende porque o Deus brasileiro, seu maior companheiro depois de Fidel e Raul Castro, ainda não operou o milagre de sua salvação. É nessas horas que se conhece os amigos.
CONTINUA LINDO
Nada mudou no Rio de Janeiro do ano passado para cá. A região serrana é o mesmo desastre; a natureza continua rebelde e na oposição; Sérgio Cabral segue sendo o mesmo governador enrolão e inconsequente.Ah sim, a Defesa Civil chegou bem depois do infausto evento e mais de dois terços da grana, ninguém sabe e ninguém viu. Há mortos e desaparecidos e mais de 4 mil desabrigados. E no ano que vem tem mais. Sim, sim, o secretário de Turistmo do Rio já estuda o projeto Tur-Hecatombe pelas redondezas. Dinheiro para isso é o que não falta. E o Rio de Janeiro continua lindo.
VOLTA!
Cadê o Pré-Sal, cadê?!? O Brasil ficou pobre, ou sempre foi rico e os governos ficam com tudo? Cadê a segurança, a saúde pública, a educação, o emprego pra quem não tem caterinha do partido; cadê a minha casa, minha vida; cadê a Previdência Social, o transporte, a luz para todos, o fome zero, cadê? Cadê a água que tava aqui?... O boi bebeu e a vaca sumiu?!? Volta Lula! A gente já se acostumou com a sacanagem.
AINDA HÁ TEMPO
Os petistas do Mal vociferam que "Genoíno não é o único deputado com problemas". Ah, então tá. mas uma coisa é certa, a maioria esmagadora na Câmara está doidinha pra seguir o seu mau exemplo. Há uma lamúria geral porque a turma não cometeu com os mesmos requintes os malfeitos que ele agora goza por "força da lei". Mas ainda há uma chama acesa: a pandilha sabe que ainda há bastante tempo para isso.