Lula tá na maior deprê. E sabe lá você por que razão Lula já nem pode esconder que se sente assim entristecido, cabisbaixo, carente, macambúzio, angustiado, com medo de ser feliz? Não sabe você, pois então lhe digo já. Não, não é por causa da prisão perpétua para Dirceu, nem por que a Dilma tossiu e foi pro brejo; não é sequer pelo simples fato de que já sente na pele os cotupicos da Vara de Sérgio Moro...
Lula anda assim depressivo, tão irritadiço e mal-humorado quanto desanimado e apático, mais pateta do que sempre fingiu ser, por que ele agora olha pra frente e pra trás, para todos os lados e já não vê mais ninguém em quem possa botar a culpa.
Lula esgotou o estoque de punhaladas pela frente; já não tem mais para quem apontar o dedo duro e dizer como sempre disse, desde os tempos de gazeta no colégio primário, passando pelos portões da fábricas do ABC e percorrendo os corredores do poder: "Não fui eu; foi ele!".Vendo-o assim desse jeito carcomido, aquela expectativa enorme dos brasileiros de boa vontade de mal poder esperar a hora de ver o japonês da Federal bater à porta do Lula e presenteá-lo com um bracelete chaveado, já está passando.
Há quem prefira ver Lula pagando seus pecados assim desse jeitinho mesmo que ele está: sentindo o fracasso subir pra cabeça.
O pessoal da voz rouca das ruas está querendo mais é que Lula curta um bom período de espera, cheio de merecida insônia e bem-vindas dores de barriga, azia e má digestão, diarreia, constipação, flatulência, tensão na nuca, dor de cabeça, corpo pesado, excesso embriagador de caixas e caixas de uma boa ideia. O brasileiro de boa índole deseja essa temporada para Lula lá do fundo dos seus instintos mais primitivos, até que a Vara de Sérgio Moro seja o desmancha-prazer dessa fase de purgação e, afinal cumpra seu desiderato, mandando Lula ir conversar de perto e para sempre
com Zé Dirceu e o resto da pandilha que arrombou e deixou arrombar esse país.
RODAPÉ - Não se avexe, não. Lula pode estar apenas padecendo do Mal de Lula: mostra uma coisa e é outra. Pode ser arte e manha para se, por ventura, acabar numa cela comum de um desses complexos de alta periculosidade, poder se tratar pela equipe do SUS num dos corredores do Sírio-Libanês.
