OU: DILMA VAI PORTO ALEGRE, TCHAU!
Sem mais o que fazer, dando uma folga para os blogueiros amestrados que sempre repercutem e pintam de dourado o que ele diz, Lula deu um entrevista ao canal russo em versão espanhola RT que, trocando em miúdos deve significar TV Russa.
Falou assim como quem avisa amigo é; como quem estivesse prevenindo que o Senado pode ainda mudar de ideia e Dilma voltar para o Palácio do Planalto.
Pô, Lula é mesmo sem noção. Fala do comportamento do outro, como se ele próprio tivesse se comportado um só dia nessa República como ex-presidente. Lula não largou nunca o osso; Lula não deixou Dilma governar um só, um único triste dia, desde que subiu a rampa em janeiro de 2011.
E continuou praticando a sua modalidade preferida, a hipocrisia irônica: "E se daqui a três meses a Dilma conquista a vitória no Senado, terá que refazer tudo, um país não pode suportar isso", avaliou. "O governo interino está atuando com muita falta de respeito àquilo que o Senado lhe deu: uma interinidade."
Não tem cargos para oferecer; não tem ministérios para distribuir; não tem mais dinheiro da Petrobras para propinar ninguém; tá com um pé na Papuda ou complexos similares... Passou do tempo de fazer companheiros e influenciar pessoas. Ele sabe disso, mas finge que dizendo bobagens para os russos, ainda é o Lula que enchia as burras das ditaduras latrino-americanas e africanas com o respaldo do BNDES.
Lula qualificou o processo de afastamento de Dilma como um "estupro contra a democracia brasileira". Segundo ele, seu desconforto no dia do afastamento ocorreu não apenas porque a presidente deixava o poder de forma abrupta, mas a interrupção de "todo um projeto, de sonhos, de inclusão social".
Caramba, carambolas! Quando Lula diz uma coisa, todo mundo sabe - menos os russos que falam espanhol - que ele está dizendo outra. Lula finge que está lamentando, mas leva na boa o preceito de que quando o estupro é inevitável, o melhor é relaxar e gozar.
Lula aproveitou para catituar uma remota chance de trabalhar sua campanha para o lugar de Dilma - única chance de um cara sem curso superior e sem foro privilegiado, escapar das grades. Lula disse para a TV dos russos que se houvesse um acordo geral seria possível convocar eleições gerais e até uma assembleia para fazer uma reforma política.
E baixou a lenha no governo Michel Miguel: "Não se pode conformar é que, em pleno século 21, tenhamos um governo ilegítimo".
O que se poderia esperar de uma boca cheia de dentes como a de Lula? Seguir a Constituição para ele é baderna. Pô, Lula! Ilegítimo é roubar e não poder carregar. Mais até que isso: ilegítimo é roubar e poder carregar. E mais ainda: ilegítimo é roubar e deixar roubar.
Lula diz na entrevista que o Brasil "tem uma democracia muito recente, de apenas 31 anos", mas que "para os conservadores parece que era muito tempo". Lula não disse que a democracia a que ele se refere é uma democracia de gabinete, cheia de gaveteiros.
Lula também disse que há muitos brasileiros dispostos a ir às ruas, como "artistas", "intelectuais", "sindicalistas", "os negros".
E assim foi dividindo o país em "nós e eles"; "artistas" e "plateias"; entre "pelegos" e "coxinhas"; entre "brancos" e "negros". Lula não disse que o Brasil hoje está dividido entre lulistas e honestos.
Lula atacou uma vez mais os jornalistas, a mídia e todos aqueles que não fazem parte da esgotosfera que logo o deixará na mão, posto que não terá mais o patrocínio das estatais.
Lula espalhou para os entrevistadores russos que Dilma foi vítima de "um boicote dos meios de comunicação e de empresários que não pagaram seus impostos para diminuir a arrecadação do governo".
Aí, nesse capítulo da novelesca patacoada com os russos, Lula não falou das pedaladas, da roubalheira que criou um rombo nos cofres públicos tão maior que os R$ 90 bilhões alegados pelo governo petista que é calculado em mais de impagáveis R$ 200 bilhões.
Lula também bancou o bonzinho, e disse que é preciso "admitir nossos erros", porque a presidente foi eleita com um discurso, mas depois da vitória "não fizemos o que dissemos". Epa! Opa! Lula deixou escapar esta.
Mas, logo se recuperou e deu a receita: Dilma é consciente de que "terá de mudar muitas coisas para governar com o apoio da maioria do povo brasileiro". Isso mesmo. Dilma vai ter que mudar. Vai pra Porto Alegre, tchau! (Ao som de Kleiton & Kledir).