UM BRECHÓ INSUPORTÁVEL
Esta segunda-feira, dia 6 de outubro de 2014, é o primeiro dia do fim de uma eleição que vai se transformar num imenso bric-à-brac.
O brasileiro vai assistir a uma bricolagem nunca antes vista na história desse país que vai virar um incomensurável brechó de surradas fantasias eleitorais.
Este 6 de outubro é o primeiro dia vermelho da transformação desse Brasil da Silva num enorme parque de camelôs.
O primeiro dia de um mercadão a céu aberto para a ação desenfreada de vendedores de ilusão.
É o início da franca atividade dos compradores de corpos e almas que usam como moeda cargos, salários, ministérios, estatais, fundos previdenciários, consultorias, licitações artesanais, feitas à mão-grande e na maior gandaia.
É o primeiro dia do fim das já escassas ideologias políticas e o começo do império da fisiologia pura.
Nesta segunda-feira já tristemente histórica começa a evacuação desembestada dos valores morais que se esvaem e resvalam na imundície que fica na esteira dos preços de ocasião, no baratilho, na liquidação de uma República.
Tudo será dado em troca, nesse reino de negociações políticas malcheirosas, a quem propiciar aos mercadores o prazer de realizar as piores e mais urgentes exigências do aparelho excretor político-partidário.
Amanhã o Brasil da Silva começa a exalar o cheiro de suas necessidades fisiológicas. Vai ficar insuportável.
Depois desse grande aterro sanitário a descoberto, o Brasil nunca mais vai respirar o ar livre que já teve um dia.
RODAPÉ - Que ninguém se surpreenda se, ao fim e ao cabo e depois de tudo, o mau cheiro permanecer. É que aquele que tudo tiver comprado vendeu-se escandalosamente para aqueles que tudo lhe venderam e de quem, na verdade, o comprador nada comprou.