O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

21 de out. de 2014

BRASIL, 500 ANOS DEPOIS
A diferença é que 26 de abril de 1514 caiu numa terça-feira.

Em 1.514 d.C. - há exatos 500 anos, pois - o dia 26 de outubro caiu numa terça-feira gorda.

Neste glorioso ano de 2014 o dia é domingo, feriadão primaveril que o povo há de aproveitar para escolher o seu guia político, o seu morubixaba, ou até quem sabe, pela segunda vez, a sua heresiarca.

 No outubro de 1.514 deu-se que a fim de não deixar o Brasil totalmente abandonado, Portugal iniciou a exploração de vários produtos naturais da sua então nova colônia. 

Mandava daqui pra lá e acolá, madeira, especiarias, sementes, ervas medicinais, alguns animais, muitos até bípedes e falantes.

Esses produtos eram obtidos dos índios que aqui moravam em troca de algumas propinas: colares, pentes, espelhinhos, machados. 

De todos os produtos naturais, o grande sucesso de bilheteria inicial foi o pau-brasil. 

Sua exploração, no entanto, não representou grandes coisas na história desse nosso Brasil, pois não gerou a colonização da terra, nem a  fixação de povoamentos. 

Na verdade, era muita mão-de-obra para quem sempre gostou de viver de rendas. De rendas e de babados. 

Não há, por esse mundão de deuses e demônios, quem goste mais de uma consultoria, de um lobby, de uma comissãozinha por fora do que os senhores que se apropriaram dessa terra de encantos e riquezas naturais.

Quer dizer, ali mesmo, naquelas priscas eras, o pau-brasil já avisava que a reforma agrária não iria se criar. O charme e o veneno do pau-brasil se devia ao fato de extraírem dele uma tinta de cor vermelha, muito usada como corante na indústria de tecidos. Nada mais que isso. Pelo menos para eles lá que ainda estão por cá.

E sucede que dali então foi que surgiu a ideia de bandeiras e bandeirolas que se prestassem a penduricalhos de  paus, mastros e pirulitos, ainda sem uma estrela no meio.

A exploração dessa riqueza brasileira era rudimentar e predatória. Os navios que aqui chegavam levavam-na  para outras plagas. Coisa tipo assim o que ocorre hoje com bacias de pré-sal, poços de petróleo e buracos sem fundo que encobrem seu exploradores.
O pau-brasil só podia ser explorado com a autorização do rei de Portugal. 
Por isso se diz que o pau-brasil era monopólio do rei. O direito de exploração era dado pelo rei, que, em troca, ficava com boa parte dos lucros. 
Bem do jeitinho brasileiro que o Paulinho da Petrozoora está contando para a Justiça como é que, exatamente 500 anos depois, se leiloa o produto mais valioso do solo brasileiro com a pandilha que parte, reparte e fica com a melhor parte. 
O que mudou, de lá pra cá foi só a qualidade do troca-troca. Em lugar de colares e machados, entraram malas e cuecas cheias de moeda corrente. 
Ah,  sim... Mudou o dia da semana: 26 de outubro de 1514 caiu numa terça-feira; este 26 de outubro cai num domingo.
Um domingão, feriadão de primavera nesse Brasil da Silva; dia de escolher entre um guia e uma heresiarca; dia de tentar trocar o ontem pelo amanhã; ou seu voto por um espelhinho de presente que te contempla com o passado. 
Tudo só porque, para aborígenes como a gente, eles não se tocam e nem se dão ao enorme prejuízo de nos oferecer sequer cuecas.