Porque hoje é sábado / o dia é legal /
de se saber quem é leal
Por que hoje é sábado / o esporte pertinente
É se correr e muito, atrás de um político decente...
LULA E O ESTRATAGEMA
Só os petistas que ainda não foram presos acham que Lula é mesmo o presidente de honra bom e batuta do Partido dos Trabalhadores.
Dos que têm memórias do cárcere para dar carteiraço a torto e direito, Zé Dirceu, depois daquele telefonema com o código de silêncio "tamo junto nessa, companheiro" está de mal com ele. Já não se falam nem mesmo pelo celular e muito menos pelas redes sociais. Lula lhe deu as costas, nunca mais o visitou e nem mesmo o recebeu.
Delúbio Soares é como se tivesse lepra para o guru malfazejo. Marcos Valério, amarga a solidão da cadeia nas Minas Gerais. Lula nunca fez uma visita solidária aos companheiros em penca que circulam pela Papuda, no Complexo Médico Penal de Pinhais, nem sequer se dignou a uma visita de pátio no Tremebé, a míseros 150 km da sua acolhedora São Bernardo do Campo.
Agora mesmo, Lula está na Itália, fazendo sabe-se lá o quê, talvez até tratando de coisas ligadas a uma questão de oportunista dupla cidadania, e nem se dignou a dar um abraço no companheiro Henrique Pizzolato, em palpos de aranha.
Ingrato, Lula não deu um pio, não tugiu, não mugiu, não coaxou, não rouquejou, não fez um gesto em direção ao mensaleiro fujão que prefere "morrer a ser preso numa cadeia brasileira".
Hoje, os petistas que ainda aguardam ordem de prisão a qualquer momento - nem tanto por que sejam petistas, mas fundamentalmente porque são petistas conforme Lula lhes ensinou - já sabem que ele só continua como presidente de honra do PT para ganhar notoriedade e voz nos palanques.
Ele é o que é no PT - uma espécie de alferes do Exército de Stédile e outras legiões tártaras - porque se não o fosse, Lula seria apenas um ex-presidente da República, uma carta fora do baralho, um ponto fora da curva, como o são Zé Sarney, Fernando Beira-Collor, e o tucano FHC.
Lula vai mais às repúblicas do Merdosul, a Europa e às ditaduras africanas do que ao próprio Instituto Lula, que até hoje ninguém sabe o que fez de útil para o Brasil. E até que tem ido menos, desde que as empreiteiras por força da Lava-Jato deixaram de patrocinar suas viagens de grande consultor internacional.
Se, dentre os petistas que ainda estão no limbo da inocência estivesse Dilma Vana, ela mesma confiaria muito mais em Mercadante - aquele que para o mistagogo petista "sequestrou o governo" - do que se acreditaria capaz de passar um cheque em branco para Lula.
Se fosse realizada agora uma votação dentro do partido para o cargo que Lula hoje ocupa com tamanha honradez, ele perderia já no primeiro turno. Sorte dele é que a vaga da presidência de honra é preenchida tipo assim carta-convite. E nesses casos, sabe como é, sempre cabe uma propina a um consultor de plantão.
Todo petista que não frequenta o estágio da previsível perspectiva de ser preso sabe que o significado de companheirismo para Lula é só um jargão nacionalizado que esconde o sujeito oculto na vermelhidão da palavra "camarada".
Os petistas ainda livres do sistema penitenciário sabem que Lula não é o Cara; sabem que amigo é amigo e companheiro é companheiro; sabem que já não precisam mais colocar à prova a sua lealdade. Eles têm certeza de que para Lula, a fidelidade não é uma virtude; é um estratagema.