O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

28 de jun. de 2015

DEPOIS DO OVERLAPING E DA BOLA PARADA, SÓ 
O CLUBE DOS CARTOLAS E O CARTEL DE TÉCNICOS

Copa do Mundo na Suécia, 1958 - O lateral esquerdo Nilton Santos passa como um bólido pelo ponteiro Zagallo e marca um golaço contra a Áustria. Até o técnico Vicente Feola acordou da soneca que tirava no banco à orla do gramado. Pronto, a ousadia desconcertante do genial Nilton Santos, acabava de criar a mais surpreendente e efetiva inovação no futebol brasileiro, para alegria e admiração do mundo futebolístico.

Vinte anos depois, na Argentina, 1978 - O capitão Cláudio Coutinho apresentava como grande novidade técnica e tática da Seleção Brasileira o inovador e fulminante overlapping - a troca de posições, durante o jogo, entre o lateral e o ponteiro. Nada mais, nada menos do que a jogada de Nilton Santos lá na Suécia, palco do primeiro titulo mundial do Brasil. Coutinho foi apenas o padrinho de batismo do grande lance.

Brasil, de 1958 a 2015 - Rogério Ceni, goleiro exclusivo do São Paulo F.C. e de ninguém mais, protagoniza as duas únicas novidades técnicas e táticas do futebol brasileiro: 1ª) traz da várzea o goleiro-linha e começa a sair jogando lá de trás com seus companheiros, inventando assim o breve 12° jogador com a posse bola;  2ª) descobre a cobrança perfeita de bola parada, executada por ele próprio. Torna-se o maior goleiro-artilheiro do mundo na história do futebol profissional.

Afora isso, o futebol brasileiro - valendo-se dessas duas escassas inovações - até chegou a ser pentacampeão mundial, colecionando as conquistas de 1958, 62, 70, 94 e 2002. De lá pra cá, são 13 cabalísticos anos de obscurantismo. De submissão a um jeito tosco e rude jeito de ser brasileiro tanto no futebol quanto na política. 

Na política, o País das Maravilhas passou a depender de um Conselho de Caciques partidários que promoveu a criação de um pioneiro Clube do Bilhão; no futebol, a Pátria de Chuteiras passou a ser dominada pelo Clube dos Cartolas que criou o Cartel de Técnicos sem nenhuma outra aptidão do que senão dar entrevistas com hora e perguntas marcadas.

De lá pra cá, na política, a grande inovação foi a banalização do escândalo. No futebol, foi a vulgarização do fracasso.