LAVA-JATO, UMA CORRIDA
DE FÓRMULA-1
Sinto desapontá-los, mas é que eu mesmo tomo um banho de água fria quando bato de frente com a realidade corriqueira de uma nação de alma boa dominada pelo espírito de porco.
Não me vejam como arauto da desesperança, pelo contrário, considerem-me como um cara que tenta manter os pés no chão, que não se deixa levar pela euforia das falsas perspectivas.
É com dor no coração que lhes digo: não percam tempo achando que é uma grande coisa provarem que Lula quando era presidente fez lobby à la gandaia para as empreiteiras lá fora. Bolas, todo presidente de qualquer país, ou quaisquer presidentes de todos os países são promotores de bons negócios pelo mundo afora.
Então, aparentemente, Lula como traficante de influências, desempenhou apenas o papel que todos os presidentes desempenham nas suas relações exteriores. Aparentemente. Em nome do artifício da mais ampla defesa, até prova em contrário, aparentemente.
O que se precisa saber é aquilo que todos dizem que sabem, mas ainda não mostraram o pau porque não mataram a cobra: quanto Lula levou de vantagem pessoal, usando o Brasil como escudo e o PT e seus sócios como catre, como cama de campanha eleitoral nos negócios feitos sempre com as mesmas empreiteiras, o mesmo BNDES e os mesmo organismos financeiros.
A AGULHA DA BÚSSOLA MORAL
A agulha da bússola moral aponta que Lula não tem um pingo de constrangimento, nem qualquer escrúpulo nessa convivência promíscua que trata de altas negociatas e somas incalculáveis de dinheiro público e notório com ditaduras podres, empreiteiros corruptos e funcionários corrompidos.
Lula, o popular, vai nessas como quem dá de ombros e se justifica: não importa que a mula é manca, o que eu quero é rosetar. E ele continua querendo. Mas isso não dá a cadeia que você esperava que desse, nem provoca acanhamento em quem não está preocupado com o que é vergonha e honradez.
Sinto desapontá-los, mas a Lava-Jato está agora como numa pista de Fórmula-1... Chegar no líder, até que chegou; ultrapassar é que são elas.
Sinto muito usar esta metáfora. É que, como acho que ainda faltam muitas voltas, estou levando na esportiva. O que não me impede de torcer o tempo todo para que no fim, o vencedor seja aquele que está nas pegadas do cara de maior corrida que já se viu nesse país.