O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

30 de jun. de 2015

NÓS SOMOS O PAU DA BANDEIRA
Eles não dividiram esse país; eles o repartiram...

Olhando assim esse mar de lama que invadiu a Terra do Brahma e da Mulher Sapiens, a gente começa a entender porque nós, pobres mortais, temos que aturar essa pandilha de sevandijas a repartir o nosso país em classes sociais - "nós e eles" os "ricos e os pobres"; em cotas étnicas - "negros e brancos de olhos azuis", ou "pessoas e pessoas não-comuns"; em ideologias já mortas e sepultadas - "direita e esquerda", ou "progressistas e conservadores", ou ainda "liberais e reacionários"...

É que somos todos iguais nesse país, menos eles.

Eles são os proprietários e também os seus lacaios dos poderes constituídos - Executivo, Legislativo, Judiciário - e até dos instituídos - o 4° Poder, codinome da comunicação social; o 5° Poder, o famigerado governo invisível e o 6° Poder, o crime organizado que saiu das ruas e dos calabouços do sistema penitenciário e se infiltrou nas artérias do Estado, do governo que nos faz de párias.

ELES E O POVO BARATO

Eles são aqueles que nos transformaram num povo barato que se deixa levar por migalhas, por bolsas miseráveis: família, vale-transporte, ticket-refeição, injeção antigripal na fila do posto de saúde.

Esse quadro se dá, por que estávamos todos distraídos quando Tancredo Neves foi falecido antes de subir a rampa do Palácio do Planalto e Zé Sarney, o bom burguês, assumiu o posto de primeiro cidadão acima de qualquer suspeita a iniciar, no desgraçado ano de 1985, as rédeas da carruagem dourada da redemocratização desse país.

E de lá pra cá, eles - os senhores de engenho, arte e manha da transformação dessa Pátria Educadora, nos deram de relho na corrida do ouro e estão anos luz de distância da nossa qualidade de vida, porque qualidade mesmo de vida eles que pegaram para si próprios, quando nos deixaram com poeira nos olhos, descamisados e com os pés senão descalços, com chinelos de dedo.

Eles estão assim tão distantes de nós que chega a ser difícil vislumbrar uma mudança de rumos nessa relação de amos e senhores com o resto dessa nação empobrecida e depauperada.

Os políticos, os governantes, as autoridades e as chamadas forças-vivas, estão a anos luz da brava gente brasileira. E já não se trata de mais nada a não ser de temor servil. Eles são eles, nós somos o que eles deixam que nós sejamos.

LIQUIDEZ E DÉFICIT... ELES SABEM

Não será com a simples derrubada da Mulher Sapiens, nem com um cadeado enfiado no gargalo doentio do Brahma que o Brasil vai mudar; que o Brasil vai voltar a ser um país que se reparte em partes, em cotas, em donos e súditos pouco menos que maltrapilhos.

Você sabe o que é spread ou rating; você sabe o que é crise de liquidez e déficit? Eles sabem. Você tem ideia do que é hedge fund, subprime, crunch, swap, blind trust? Eles sabem. E ainda dizem para nós, mendigos de suas sobras, que a nossa dificuldade  cada vez maiores para conseguir atravessar cada novo ano é culpa do capitalismo financeiro internacional.

Essa malta é o crime organizado que saiu das ruas e entrou no Estado. Eles falam em bilhões de dólares que já nem convertem em reais - e gastam bilhões à la gandaia - como nós contamos centavo por centavo para ir ao boteco da esquina uma vez por semana e olhe lá, dando graças aos deuses que chegando em casa não falte pão para o café da noite que há muitos anos substitui o jantar em família.

O que estou tentando dizer aqui e agora é que, de nada vai adiantar hoje, tirar o Brahma para botar o Chuchu; tirar a Mulher Sapiens e trazer de volta o Príncipe dos Sociólogos, ou o neto daquele que foi o melhor presidente que o Brasil já teve, porque não chegou a governar um só dia este país.

Pelo amor dos deuses, nem pensar em Martas ou Marinas para o lugar de quem sai de saia justa. De nada adianta trocar o Caçador de Marajás para botar um senador tucano que aceita propina, mas muito escassa.

Vejam só no que deu a fuga de Joaquim Barbosa lá do Supremo antes que o tribunal se tornasse a Corte de Lewandowski. Do que adiantou Márcio Thomaz Bastos bateras botas, se no seu lugar entrou No Ministério da Justiça do Governo Dilma, o peripatéico Zé Eduardo Cardozo?!?

Tirar o caubói Renan das fazendas de gado fantasma para botar um saturador de carnes amigo do Toni Ramos, seria malhar em ferro frio. Afinal a carne é fraca e tem nome. E quem entra no lugar de Eduardo Cunha, um Anthony Garotinho ou coisa parecida?

Cáspite! Bravo! Caramba!.. Eles são todos, como vocês estão cansados de dizer, farinha do mesmo saco. Do mesmo saco de gatos. E gatos pardos.

ELES E NÓS & NÓS E ELES

Eles não falam a nossa língua. Nós não entendemos o seu idioma. O que é blind truste, meu amigo? Diga aí que eu quero ver. Não vale perguntar para eles.

Eles não têm os nossos salários. Nós, no mais das vezes, nem salários temos. Seus carros têm motoristas. Nós nem temos carro, quando os temos são das financeiras e são movidos até a última gota do nosso suor.

As viagens deles viagens são de jatinhos particulares. As nossas são de ônibus vulneráveis a assaltantes e incendiários. Seus vinhos são de outra pipa. Nossos vinhos são de garrafão. Seus negros são mais bonitos; suas loiras são todas sapiens; suas férias são permanentes.

As nossas férias, as tiramos trabalhando. A saúde deles é de ferro e sírio-libanesa, a nossa é SUStentada em filas intermináveis.

REPARTIRAM O BRASIL

Eles repartiram o Brasil. Não, não dividiram o Brasil. Eles repartiram irmãmente esse país... em duas partes absolutamente distintas. Quer dizer, distinta é a parte deles; a nossa é o rebotalho.

A parte deles é o verde, amarelo, azul e branco do nosso auriverde pendão da esperança. A nossa parte é o pau da bandeira.

Então, se estamos assim distantes de promover, como o Brahma propôs ao PT, uma pequena revolução em busca de uma "nova utopia", então façamos já, já, uma reforma moral.

Não se esqueçam que na história da humanidade, as revoluções não foram feitas por ninharias, mas nasceram quase todas de pouco mais que miudezas. Para começar, tenham uma boa ideia sobre o uso do tal pau da bandeira que nos sobrou.