AS ILHAS E OS PODERES
O Congresso Nacional é a síntese superlativa do império brasileiro instalado em 5.570 Câmaras Legislativas Municipais que são resumidas em 27 Assembleias Legislativas Estaduais.
O que se executa no âmbito das Prefeituras e nos palácios dos governos de cada Estado, é condensado e praticado de maneira ampla, geral e irrestrita pelo Palácio do Planalto, habitat sobrenatural do Executivo.
Da mesma forma, o Supremo Tribunal Federal é o resumo fechado e definitivo dos tribunais de Justiça de todos os ramos em cada ponto desse exótico Brasil da Silva.
E assim é que essa pátria educadora é um arquipélago de poderes constituído por pequenas e pretensiosas ilhas: Executivo, Legislativo e Judiciário, não necessariamente nessa ordem de valor, poder ou importância.
E o Brasil Iaiá de Ioiô é uma ilha de 202 milhões de candidatos a náufragos cercados, por todos os lados, de poderes constituídos e soberanos até em demasia e que ainda mantém a pose de quem vive numa serena e honesta democracia.
Esses poderes que tudo podem são merecedores de lástima e prazer ao mesmo tempo. Lástima por que eles têm tanto poder que uns acabam cedendo à vontade dos outros; prazer, por isso mesmo... Por que os mais fortes nunca serão bastante fortes do que o próximo mais forte.
Esses poderosos são uma ilha cercada de débeis que se fazem de fortes, mas não conseguem ser mais do que prepotentes e ridículos diante da debilidade de suas virtudes que sempre cedem à intemperança e indignidade.
Os três poderes, com suas honrosas exceções, têm uma fatal submissão ao poder de compra, o verdadeiro 5° Poder que sempre submete as suas vontades e ao seu domínio o decantado 4° Poder, a força da comunicação, da mídia, da formação de opinião.
Mas isso é que faz desse Brasil da Silva um enorme paraíso de dissimulada fiscalização, onde as leis mais fortes e melhores se apoiam na moral mais frágil e nos piores costumes. O lastimável é que esta é a sua praia.