SÓ NOS NOSSOS QUINTAIS
Aos poucos, o Brahma está ficando sozinho. Os que dele ainda se aproximam, já chegam sabendo que são fortes candidatos ao ostracismo, assim que sejam flagrados com a boca na botija.
O Brahma só tem colarinho maduro e branco para quem pode lhe servir de escada. E assim mesmo, só para subir. Na descida ele vem pelo corrimão, à moda moleque surpreendido roubando laranjas no quintal do vizinho.
E na fuga ele ainda encontra jeito para fazer-se de vítima, apontando para os donos do pomar quem foi que afanou os laranjais. Isso é do seu jeito de ser companheiro e nunca amigo de ninguém. É da sua natureza.
O Brahma, sempre que se livra daqueles que o tomam como invasor indesejado e predador, denuncia às autoridades e aos habituais circunstantes de qualquer escândalo nas vizinhanças que foi "apunhalado pelas costas". Só não mostra, jamais mostrou, as cicatrizes.
De qualquer maneira, a qualquer tempo e não apenas nas horas de assalto, as dissimulações reiteradas acabam se transformando em decadência: é quando a realidade descoberta acaba com as "utopias".
E, se é para não desperdiçar citações, vale agora mais que nunca o senso de observação de Abraham Lincoln, o lenhador que antes de ser presidente americano foi trabalhador de verdade e não um breve metalúrgico: "Você pode enganar alguns por algum tempo; enganar a muitos por muito tempo; mas não pode enganar a todos o tempo todo".