O BRASIL É O EIKE
DO TERCEIRO MUNDO
Você, decerto, se lembra de quando o aldrabão Eike Batista espalhava aos quatro ventos que logo seria o homem mais rico do mundo. Mais rico que o americano Bill Gates e do que o mexicano Carlos Slim. Isso não faz muito tempo.
Deu-se tal arroubo de grandeza no meio dos anos dourados em que e quando, dentre outras fontes públicas e notórias, ele sugava os úberes das vacas gordas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
E hoje, tão pouco tempo depois, com os finos lábios ainda saburrosos de lactose o bazofeiro rabulão chora o leite derramado, numa miséria econômico-financeira de dar dó e na maior e mais humilhante quebradeira moral.
O loquaz mentiroso hoje é tido e havido como quem tem lepra: ninguém quer ser contagiado pelo mal que emana de um portador de hanseníase - mal que o Ministério da Saúde jura ter erradicado há milênios desse país.
Pois, se quiserem saber, ainda que mal comparando, o Brasil que Dilma herdou nesses 12 anos e meio do PT de Lula no poder - aquele do pleno emprego, da riqueza do pré-sal; aquele que pagava o FMI e não bufava; aquele do Fome Zero, do Bolsa Família, do Luz e Água para Todos - é hoje o Eike Batista dos países de terceiro mundo.
Eis aí o Brasil da falácia, do engodo, da enganação. O Brasil que, como Eike, adoçava a boca dos investidores com rapadurinhas de leite azedo, como se fossem manjar dos deuses, é agora um país do qual todos os investidores querem distância, por absoluta falta de confiança e receio de perniciosa promiscuidade e contaminação.
O Brasil precisou de menos de 13 anos completos do plano de poder do PT de Lula e Dilma para ser a mais completa tradução do Eike Batista no bloco dos países ditos emergentes.
Com o agravante de que foi esse Brasil da Silva que estimulou o Eike Maravilha a pedalar.
Esse é hoje um ciclista eventual que amarga a dor do ostracismo, o pior e mais terrível castigo para quem só sabe viver sob os holofotes e só consegue sobreviver sob a luz da parvoíce, ao som das trombetas dos aduladores, com o jeito irrefreável e perdulário dos burgueses podres de ricos.
O governo que aí está primeiro conseguiu pedalar o Eike até ser a cara do Brasil; agora o Brasil, mais que a cara, é o próprio déficit primário do Eike. Tomara que essa assombração não nos apavore por muito tempo.
Acho que essa versão eikeana do Brasil da Silva vai dormir por um bom tempo onde se sente mais à vontade: no colo de Renan Calheiros, Eduardo Cunha e suas pandilhas, lá no Congresso Nacional, a boa, velha e distante Casa do Povo.