NÓS PODEMOS DECRETAR O FIM
DESSA FALSA DEMOCRACIA
Tem uma coisa que vem me torrando o envólucro músculo-cutâneo que, além de duas notáveis glândulas contém o tão acanhado quanto eficiente epidídimo, incessante conduto espermático: é a cega e submissa obediência à letra fria da Constituição-Cidadã de 88.
É por causa dessa cegueira que não nos permite ler nas entrelinhas de cada um dos seus artigos - vemos a regra, mas não enxergamos o espírito da lei - que nos tornamos servis e submissos a tal ponto que deixamos correr frouxo a prática contumaz e continuada da Democracia de Gabinete.
Vou repetir no popular, o que me torra as balacochetas, o que me enche o saco: os que se apropriaram do país e infiltraram o crime organizado na máquina pública, se acumpliciam e, na maior promiscuidade, mancomunam o que bem entendem e querem para mais de 200 milhões de habitantes, como se representassem a alma, o coração e a vida do país. É isso que me dá dor, digamos, de cabeça.
A gente deixou correr frouxo demais. Afrouxou a marcação. Pode-se e deve-se respeitar as tais "instituições democráticas", os tais "organismos de defesa da cidadania", mas uma boa forma de valorizá-las, de respeitá-las é pegando no seu pé; é puxando-lhes as orelhas; é chutando o balde e o pau da barraca; é colocando os donos das instituições oficiais nos seus devidos lugares dentro da própria Constituição.
O que nós não podemos mais deixar passar como a gente vem deixando correr a barca é que a justiça nesse país não seja outra coisa do que senão a conveniência dos que nos governam e governam os poderes que eles mesmos constituíram nesses últimos 13 anos. Tá tudo dominado... Só que não.
Nós temos nas mãos a oportunidade única de decretar o fim desse regime de falsa democracia em que todos os portadores de autoridade pública e notória são juízes desse Brasil da Silva e desse nosso povo cego e submisso. Nós somos aqueles que podemos dar início a um ciclo em que esses juízes merecem ser julgados.
Se eles se juntam aos bocados, em blocos, em grupelhos dentro de seus gabinetes, nós também podemos nos reunir um grupos e, batendo na porta ou não, entrar em suas salas mais secretas, as suas cabeças. Uma vez ocupado esse hoje perigoso espaço de dominação, nós seremos a verdadeira democracia em movimento. O fazer é o princípio do poder.
E só assim, fazendo sem esperar acontecer é que todo poder há de emanar mesmo do povo, para em seu nome ser exercido e inexoravelmente ao povo ser devolvido. Logo a Democracia de Gabinete seria transformada em Democracia, simplesmente Democracia, um mundo que será o que deve ser: fértil de obstáculos. E de permanentes vencedores.
RODAPÉ - Os dirigentes de partidos políticos são juízes: eles decidem em que devemos votar na próxima eleição. Os diretores de centrais sindicais, são juízes: eles decidem se vamos às ruas ou ao trabalho, e quanto devemos ganhar por isso. Os comandantes dos exércitos de Lula, são juízes: eles balançam a pança e comandam a massa.
Os ministros, os juízes de direito, os presidentes de tribunais, os donos de institutos de palestras e de ONGs de fachada, os dirigentes dos clubes de futebol, dos chamados movimentos sociais, com teto, sem teto, com terra e sem terra, todos eles são juízes, amos e senhores de nós todos e desse país que se deixou capturar por uma pandilha que arromba e deixa arrombar.