EM MENOS DE SEIS MESES PERDI
22 QUILOS DE SERGIO SIQUEIRA
Hoje eu acordei com um certo espírito de inconfidente brasileiro. E já que foi assim, vou desandar-me a cometer uma pequena, mirrada, quase dietética in/confidência. E ponho logo as cartas na mesa:
Há coisa de seis meses, menos um pouco até que isso, eu era um obeso nessa pátria educadora, com um peso básico de 96 quilos, mal e mal distribuídos no meu já antigo 1m73cm de altura.
Hoje, sou mais um magrão nessa terra abençoada por Deus e bonita por natureza: estou com 74 kg da cabeças aos pés, passando por uma barriga que já não faz jus ao nome. Quer dizer, num instantinho, perdi nada mais e nada menos do que 22 quilos de Sérgio Augusto Siqueira, seu criado, obrigado.
Mas grande coisa! Nesse regime atual, até a Mulher Mandioca emagrece. Vocês não viram como ela ficou que é só dentuça?
Pois eu, não. Eu só tenho um probleminha de somenos que ainda não sei como resolver. Tô com o pescoço igualzinho ao do Roberto Carlos, das velhas tardes de domingo, antes da quarta cirurgia plástica que ele fez embaixo do queixo.
Tenho a impressão que meu, como dizer, meu invólucro escrotal subiu pelas paredes e chegou para juntar-se qual saco protetor das duas amígdalas que já não tenho mais em volta da campainha, desde os seis anos de idade, perdidos numa operação precoce sofrida sob os efeitos de uma cruel e imperdoável anestesia local.
Mas, preciso é que eu lhes cometa a inconfidência de dizer que há uma diferença entre a minha magreza e a da Dilma Sapiens: o meu humor não é igual ao dela; nem o meu nutricionista; nem o meu salário. A diferença é que eu não tenho medo de ser feliz dentro desses meus saudáveis 74 quilos dos pés à cabeça.
E como sei que, no caso de uma mudança drástica de peso assim como esta, 93% de vocês gostariam de estar na minha pele e, contando os indecisos, menos de 7% gostariam de ser Dilma Vana, vou lhes revelar o segredo, com o aval de minha cardiologista e da minha memorável nutricionista.
Foi fácil. Bastou-me parar de almoçar, lanchar, jantar tudo que eu sempre mais gostei e ainda gosto de comer na vida. Tirei o saleiro e o açucareiro da mesa. Deixei o vidro de pimenta e o salpicador de orégano.
Parei com as massas, os salgadinhos, os pastéis, as gorduras, as frituras; Ah, que saudade daquelas pequenas mantas de gordura branca grudadas na picanha, daquelas costelas gordas que salpicavam de de estrelas nosso chão...
Larguei de mão doces, sobremesas, refrigerantes, canapês, a minha pipoca de cinema e, joguei ao ostracismo - como se fosse um companheiro flagrado com a boca na botija - o meu mais antigo parceiro das boas horas e dos piores momentos, Johnnie, o Red. Bye, bye Johnnie, o proscrito.
Simples assim.
RODAPÉ DA MESA - Quando a gente para de comer e beber aquilo que mais gosta, decerto fecha a boca e abre mão de pelo menos 75% de um cardápio cotidiano de anos e anos a fio. Bolas, você passa a comer apenas 1/5 das coisas que, em não sendo frutas nem legumes, eram tudo que você mais queria ver no prato diante de você.
É assim que você descobre uma nova modalidade no jogo de novos sabores que as mesas lhe reservam por esse mundo afora. E então você come coisas doces e salgadas quase sem açúcar e sem sal. E com o que perdeu a graça, você se diverte e emagrece. Inventa pratos; decora pratos; devora pratos.
Ah, sim... Por recomendação de minha querida cardiologista e meu conselheiro vascular, eu tomo religiosa e obedientemente, uma pequena taça de vinho tinto no almoço e outra, com o mesmo fervor, nos jantares que não deixo faltar. Minha uva predileta aqui para a secura de Brasília é a merlot.
Almoço e janto de segundas a domingos. Religiosamente. Eu antes comia como um burro; hoje, como tipo assim como se fosse um padre.
RECEITA DE BANÂNIA BRASYLIS
Ingredientes:
Uma banana madura, nanica ou prata / Canela em pó / Um saquinho de adoçante Lynea / Uma fatia do tamanho de sua mão espalmada de queijo frescal mineiro / duas torradinhas integrais tipo Bauduco.
Faça assim:
Corte a banana em moedas / disponha as moedas num pratinho refratário / Salpique-as equilibradamente com o adoçante / cubra as moedas com o queijo / despeje o pó de canela por cima delas. Leve ao microondas por dois minutos.
Forre com essa pasta, as duas torradinhas que estão a sua espera. Pegue o chá natural que você mais gosta. Sente-se no sofá, à espera da informação de que o processo de impeachment foi deflagrado. Saboreie a notícia e a banânia brasylis, como se cada segundo fosse nunca mais.