SOLIDÃO
O Gordo Renato, meu irmão que, apressado já se mandou dessa vida, é que, ao ver passar por ele um mulher mal vestida dos pés à cabeça, mal pintada e maquiada, a definia para os amigos: - É solidão.
E explicava: - Essa senhora não tem um parente, um amigo, ninguém que lhe diga para não sair assim desse jeito pra rua.
É, não deixa de ser um emblema de solidão. Mas há outros.
Ontem mesmo, me lembrei do meu irmão ao ver Dilma Vana acenando e sorrindo para o cerco metálico na Esplanada dos Ministérios. Que solidão!
Nem as placas de aço refletiram de volta o aceno e o sorriso que as atingiram. A sensação de isolamento social era tão grande que eu tive a nítida sensação de que Dilma estava inventando a solidão ali, naquele momento, naquele pomposo e melancólico abandono.