Eu vi hoje na TV e ninguém me contou: o impoluto ex-diretor de Serviços escusos da Petrobras, Renato Duque chamando o Augusto Mendonça, de "mentiroso contumaz".
Foi naquela sessão da CPI da Omelete do Petrolão que o afilhado de Zé Dirceu perdeu a ternura e disse com grossura que o executivo da Toyo Setal "mente, mente, mente".
Quanto ao resto, Duque manteve o ar de nobreza que seu nome carrega para exercer o direito de ficar calado. E assim deixou no ar e muito alto a sua palavra contra a do desafeto confrontante.
O pequenino detalhe que faz toda a diferença é que Augusto Mendonça é um delator premiado. Se mentir, dança na rua, dança na chuva.
Já a palavra de Renato Duque é a mesma que ele usava sempre que agradecia pela nuvem de propina que fazia chover na sua horta.
E como chovia naquele tempo. E como Duque era educado... E como Duque agradecia.
RODAPÉ - Renato Duque não perde a pose de lorde enlameado. Fala quando quer na CPI da Omelete e vitupera quando lhe dá na telha.
Só não consegue se livrar do ar de trouxa que ganhou quando ficou sabendo que, na manobra de lavar propina, quando bancou colecionador de obras de arte virou pano de prato na mão dos leiloeiros que lhe passaram a perna, empurrando-lhe quadros falsos em mais da metade do cervo clandestino que adquiriu.
É que, como não soube distinguir na acareação de hoje a diferença entre a sua palavra e a do delator premiado, ele também não deve saber a distância entre uma obra em guache e uma aquarela; nem o que é um óleo sobre tela; ou um quadro de Dali e outro de Guinar, de Djanira, ou do Heitor dos Prazeres.
Essa dificuldade de Duque também se dá quando se trata de obras da Patrobras: não diferencia uma coisa pública de uma privada.