QUEM VAI VIRAR
DELATOR PRIMEIRO?
Chegando a sexta-feira, dia institucional da cerveja; véspera de sábado, quando tudo pode acontecer; perspectiva de domingo, dia de futebol. Dias informais; de esportes de competição e de lazer. Mas, as expectativas estão voltadas para outra modalidade de alto rendimento: a corrida dos delatores.
Essa coisa do Zé Dirceu ser preso quando já estava preso, acirrou os ânimos e despertou os mais primitivos instintos de sobrevivência e os mais profundos desejos de liberdade nas fileiras do Clube dos Empreiteiros, ou - se quiserem - da máfia que comprou o Estado.
É o seguinte, caro leitor e ouvinte: deu a louca no diabo que te pinte. Renato Duque, o bonachão rico e silente dos quadros da Petrozorra, deu o bilhete azul para o seu velho companheiro advogado e já está fazendo aquecimento para entrar em campo com a camisa de delator premiado, um time que não demora nada, não vai ter mais lugar no banco de reservas.
Sabe o que é? É que Dirceu anda pra lá de depauperado e se sentindo, mais que deprimido, depreciado pela parceria que o tem deixado com uma mão atrás e outra na frente, em matéria de companheirismo.
Dirceu sozinho é mais atleta e mais bomba do que a pauta-bomba inteirinha de Eduardo Cunha, o proprietário da Câmara dos Deputados.
Pois Dirceu, o réupetente, já enviou às hostes lulo-petistas sinais tipo assim aqueles foguetes corintianos que são de matar torcedores adversários, dizendo que não vai "perder sozinho".
Se fosse beisebol, a gente diria que o Brahma teria tremido nas bases. Mas, acontece que hoje é apenas sexta, o dia informal que antecede o sábado que sempre tem o que Vinícius chamava de um "frenesi de dar bananas"... E aí o covarde faz força e o valente se depura e se esvai pernas abaixo.
Se o Zé Dirceu, nesse triste abandono e diante das histórias do cárcere que tem pela frente, resolve chutar o balde, vai saltar dejeto pra tudo que é lado e além de sujar os outros delatores que por ventura ainda estejam na competição, Dirceu vai reduzi-los a uma estrondosa inutilidade.
O competidor Renato Duque já tem o Léo Pinheiro, grande ex-companheiro de Lula, se escalando para atuar na ponta-de-lança das delações que podem sair do plantel da OAS, uma das equipes que lideram a competição que se trava há uma década no campo das construções propineiras.
Então, agora é isso, a disputa está chegando na fase final. Quem bobear, perde a vez e fica eternamente desclassificado.
Se um desses três armadores - Duque, Léo e Dirceu - se antecipar escalando o Lula de São Bernardo e não o Lula aquele do Santos de Pelé, como treinador oficial da competição - fica com o prêmio da delação e acaba o campeonato.
Em todo caso, os perdedores, sempre poderão dizer depois que para eles, o silêncio vale ouro, por que é o preço da fidelidade. Querem coisa mais digna do que isso, vinda de quem está por vir?
Pensem bem, senhoras e senhores, os caladões mais ricos da República, curtirão suas fortunas mal-havidas durante pelo menos 30 anos de cadeia. Isso lhes dá arrepios; lhes causa calafrios.
De minha parte, nunca torci tanto para que numa hora dessas todos ficassem calados.
Já venho torcendo pelo Brasil há muito tempo. Acredito que os técnicos da Lava Jato têm táticas e estratégias muito maiores e melhores do que apenas as delações premiadas para ganhar esse jogo.
O diabo é que nem sempre os torcedores saem satisfeitos das arquibancadas, ou até quando assistem a tudo de camarote. Mas nem por isso, eles mudam de time e viram a casaca. Sabem que, quando o juiz não rouba, no fim do jogo ganha sempre o melhor.
De qualquer maneira, depois da sexta-feira vem o sábado com a perspectiva do domingo. O fim de semana promete.