A revista IstoÉ detona na edição desta semana o Ministério das Cidades; a Veja depois de escancarar a farra do Ministério dos Transportes de Valores do Brasil, mostra hoje que a Conab é o Denit do Ministério da Agricultura. Só está faltando agora que a revista Caras mostre a bunda dos outros 36 ou 37 ministérios dessa "herança bendita" que Lula deixou para Dilma.
Pobre país que conta com uma oposição que, ao invés de tomar a iniciativa de, em nome do povo, cumprir o seu papel de fiscalizador de cada órgão, de cada passo do governo, fica apenas à espreita de que a imprensa revele o que há de podre no reino que o metalúrgico de araque forjou e entregou embrulhado e sem qualquer garantia a uma sucessora de mãos atadas.
Se tucanos, DEMos e outras facções partidárias do imaginário oposicionista tivessem vontade política e operacional, já estariam há muito tempo esmiuçando o cotidiano de cada ministério, de cada organismo vinculado, de cada fundação, de cada sindicato, de cada estatal, de ONGs de fachada e cumprindo o papel que hoje vem sendo realizado por aqueles que provocam azia no mais abjeto personagem da história recente do Brasil.
O mal que a "estratégia de coalizão pela governabilidade" lançada por Lula causou ao Brasil não tem dimensões possíveis de serem calculadas. É um estrago que não tem tamanho. Coalizão é o codinome torpe da compra e venda descarada da estrutura do Estado brasileiro. Durante oito anos consecutivos a operação desmanche do Brasil infiltrou o crime organizado nos três poderes constituídos. Meteu a mão e o braço em todos os mecanismos de defesa do cidadão; distorceu a alma nacional e implantou a consciência pública de que a esperteza se sobrepõe à ética e a qualquer preceito moral. Tudo e todos estão na gaveta.
Hoje, para o brasileiro comum está consolidada a idéia de que já não é feio roubar e não poder carregar. Feio é não ter a coragem e o caradurismo de não roubar porque não sabe carregar. E o pior de tudo é que não há uma saída para o efeito dominó que vem por aí. A imprensa descobriu, afinal, que cada ministério, cada licitação, cada obra, cada promessa do governo é um mar de lama. Chafurda em imundície até mesmo quando debocha e diz que é um governo que não rouba e não deixa roubar.
Além da imprensa, todo mundo sabe que é só procurar que a gente acha. Mas procurar e achar pra quê? Aonde isso tudo vai nos levar? Bobagem perguntar.
Vamos todos a lugar nenhum, pois se Dilma não aguentar apressão - sonho dourado do PT e suas bases alocadas - quem há de ficar em seu lugar é, ninguém mais nem menos, do que Michel Temer. Se mostrarem em que portos seguros ele se sustenta, logo dará com os burros n'água e para o seu lugar virá um senhor de anéis brilhantes e bigodes fartos que atende pelo nome de Zé Sarney... Se Sarney perder a faixa pelo caminho, virá o cara do Tribunal aquele... Isso, se tudo acontecer dentro da des/ordem natural republicana.
Pode ser que um tucano, ou um demoníaco, um Serra, um Aécio, um bloco domesticado de caras-pintadas... Isso quer dizer, absolutamente nada. Absolutamente a mesma coisa, a mesma alma, a mesma consciência incapaz de resistir a um teste de bafômetro, ou a um grito de mãos ao alto!
Melhor deixar pra lá. Estamos sem saída. Bom mesmo é entrar no esquema, relaxar e gozar. O Seu Encarnado - aquele que não desencarnou da Presidência - está eufórico, mal pode esperar por mais esta grande e incomensurável crise de azia que a imprensa vai lhe provocar. A sensação que lhe queima o peito é a mesma que detona a campanha do retorno triunfal. Agora vai!