Mesmo que Ideli Salvatti queira empurrar com a barriga verde o medo de que Pagot jogue toda a farofa no ventilador, o governo precisa de muita sorte - ou de uma consentida e providencial coalizão do depoente - para que ele não atinja com as pedras que rolam na estrada e os dormentes de ferrovias, outros ministros da primeira-presidenta Dilma.
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Se os detritos se avizinharem do Paraná, por exemplo, o ministro Paulo Bernardo vai virar alvo fixo. E este sim, não irá sozinho, carregará com ele a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann - por acaso, sua esposa. O efeito dominó teria o mesmo impulso inicial da certeza que todos têm: Luiz Antonio Pagot não daria um passo, sem que muita gente soubesse. Assim é que, se Bernardo sabia e dava seus pulinhos, Gleisi também pulava e andava.
Se Pagot disser o que sabe, a crise se espalha pelo ministério de Dilma. Mais dois ministros estariam na berlinda. Um recorde em matéria de instabilidade governamental: seis ministros em seis meses. Como até hoje Pagot se deu bem do jeito que agia e com quem interagia, é pouco provável que bata com a língua nos dentes.
Seu depoimento é uma faca de dois gumes: o afiado cortaria fundo na própria carne; o lado cego, salvaria a pele dos meliantes de sempre. Guardando a faca na baínha, a crise do governo Dilma será prorrogada até um próximo e oportuno escandalo.
RODAPÉ - É bom lembrar que, apesar de demitido por Dilma, o arquivo Luiz Antonio Pagot está em pleno gozo de "férias". Continua empregado no governo, onde permanecerá por muitos e muitos anos, por todos os séculos dos séculos, amém. Ideli está certa quando diz que "o governo não tem nada a temer".