O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

7 de jul. de 2011

A FILA DO RANÇO
Duas heranças benditas de Lula já foram: Antonio Palocci e Alfredo Nascimento. Dilma vai se livrando do legado do Seu Encarnado - aquele que não desencarna da presidência. Na fila de espera do "bate pé que ninguém te qué" se acotuvelam: Orlando Silva (Esportes), Pedro Novais (Turismo), Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário), Fernando Haddad (Educação), Moreira Franco (SAE), Ana de Hollanda (Cultura) e Luiz Sérgio (Pesca). Pena que a primeira-presidenta demore tanto para lhes mostrar a "porta da rua, serventia da casa". Seis meses, um semestre e tanto, é tempo demais para guardar o ranço do passado.

BOA PAUTA
Essa fila deveria se estender por 38 ministérios. Hoje, onde há um ministro há uma desconfiança. São donatários de lotes adquiridos por unção no grande loteamento Brasil que vem sendo realizado há mais de oito anos. Não há uma compra, nenhum gasto, dentro de um ministério - seja lá qual for - que não tenha um intermediário. O que não falta em cada Pasta da República é um grande consultor de negócios que vão de serviços gráficos à compra de pó de café e licitações para aquisição de material e equipamentos de escritório. A estrutura da máquina estatal é a pauta mais fértil para o jornalismo investigativo - salvação da lavoura, como ficou provado nos casos Palocci e Nascimento.

INCÊNDIO E RESCALDO
Se você não se deu conta, ligue-se: Lula nem se antenou, mas ao indicá-lo como representante do Brasil para palestras e encontros lá na África, Dilma estava lhe dizendo quem é que manda agora no pedaço. Ao aceitar a incumbência, o vaidoso palestrante burguês acatou a ordem que vinha de cima e sem aperceber-se revelou que de rei virou súdito. A criatura vai, a pouco e pouco, descartando o criador. E se não for assim, não conseguirá - como não conseguiu até agora - fazer mais nada do que senão apagar incêndio e limpar rescaldos da politicalha que herdou do Seu Encarnado.

MÉRITO O QUÊ?!?
Triste é ver que a substituição de um ministro, acusado de desvios, fraudes, corrupção, obedece à prioridade da facção política que se apropriou do cargo e do próprio ministério. Antes se chegar a ser a primeira-mulher-presidenta do Brasil, Dilma prometeu - com todas as letras - que as nomeações no seu governo obedeceriam ao critério da meritocracia. Não obedecem. Meritocracia é uma palavra tão exótica que antes de entrar saiu de moda.

PR INDÓCIL
PR - Partido da República deles lá, está indócil para emplacar o novo ministro dos Transportes. Dilma prefere claramente Paulo Sérgio Passos. Tanto é que hoje ele passa de secretário-executivo a ministro interino do Ministério dos Transportes. Ele já ocupou o cargo quando Nascimento candidatou-se ao Senado. Essa, no entanto não é parte mais forte do seu currículo. Pesa muito na balança que ele seja um dos maiores defensores do Trem-Bala, um negócio de bilhões. Dilma acalma os nervos dos morubixabas do PR dizendo que está "estudando" o assunto.

IRREVOGÁVEL
Se alguma coisa somasse pontos a favor de Alfredo Nascimento nesse triste episódio do governo Dilma, seria o fato de que seu pedido de demissão foi muito mais "irrevogável" que o pedido de Aloízio Mercadante. Mas isso também não quer dizer lá grandes coisas.

RIVALIDADE
Esses argentinos são mesmo terríveis. Só porque o Brasil empatou em zero na estréia da Copa América, agora eles fizeram a mesma coisa com a Colômbia. Agora a gente quer ver o quê a seleção de Mano Menezes vai aprontar para cima deles. Outro dia, só porque o Messi não jogou nada, o Neymar também não jogou. Assim não dá.