HERANÇA DE LULA

Toda essa barafunda no Ministério dos Transportes que vem deixando Dilma furibunda é parte da herança bendita que Lula lhe deixou como legado dos oito anos que levou passando a mão na cabeça dos corruptos que tocavam a sua famosa "estratégia de coalizão pela governabilidade".

Não era estratégia, era um sistema. O regime de fazer do Brasil um grande balcão de compra e venda de políticos, de partidos, de estatais, de opositores, de companheiros bons e batutas foi implantado de tal forma que hoje, com o beneplácido do governo, todo mundo pensa que pode e deve encher os bolsos às escâncaras, sem qualquer risco de piores ou maiores consequências.

Ninguém vai preso. Ninguém devolve um centavo do dinheiro que salta a olhos vistos das gavetas do Estado para o sigilo de gordas contas bancárias aqui e lá fora, nos melhores paraísos fiscais do planeta.

Os velhos sanguessugas, os aloprados, os mercadores de ambulância, Ali Babá e os 40 mensaleiros estão aí misturados aos mais recentes exemplares tipo erenices, paloccis, nascimentos, seus filhos prodígios, consultores e palestrantes, pra não deixar ninguém mentir.

Hoje há quem peça uma CPI dos Transportes. Besteira. Façam logo uma CPI dos Ministérios. Todos eles, cada um deles.

E façam de conta também que esta será a primeira CPI no Brasil que não vai terminar em pizza.

IN MEMORIAN -  1) O escandalo dos Sanguessugas foi conhecido também como a "máfia das ambulâncias" teve sua origem na gestão do então ministro Zé Serra e permaneceu em atividade nas gestões de Barjas Negri (ambos do governo FHC), Saraiva Felipe e Humberto Costa (ambos do governo Lula) no longínquo ano de 2004; 

2) Se você não tá lembrado, dá licença, eu vou contar, era uma casa velha, um palacete assobradado: o Escândalo do Mensalão ou "Esquema de compra de votos de parlamentares" é o nome dado à maior crise política sofrida pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2005/2006 no Brasil. A denúncia que está no Supremo, aponta Zé Dirceu - então chefe da Casa Civil - como "chefe da quadrilha" de 40 mensaleiros;

3) Houve outros tantos que são tantos que só vamos rememorar alguns e assim mesmo só de passagem: Em 2004 estourou o escândalo dos Bingos e em maio de 2005 o escândalo dos Correios. As CPIs da hora discutiram a misteriosa morte do prefeito Celso Daniel (2002) e as denúncias de corrupção na Prefeitura de Santo André, administrada por ele. Teve também o escândalo dos fundos de pensão, do Banco do Brasil, esquema do Plano Safra Legal, a suposta doação de dólares de Cuba para a campanha de Lula e a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo. Foram mais de cem; quem sabe até mais de mil que - só para rimar - já não cabem na memória do Brasil.