Ary Rodrigues Alcântara ganhou as eleições para prefeito. No primeiro dia de governo, levado pelos correligionários e cabos-eleitorais de sempre, poucos passos antes da escadaria que levava ao gabinete, passou por um homem de meia idade encostado no balcão de atendimento.
Cumprimentou-o, foi cumprimentado por ele e seguiu em frente. Durante três ou quatro meses, a cena se repetiu. Em um certo fim de expediente, ao descer as escadas o prefeito resolveu conversar com o servidor que dali não saía e que dali ninguém o tirava. Ary Alcântara quis saber:
- Meu bom, homem o que você faz aqui?
- Cuido da pintura do balcão.
- Como assim? Ela é a mesma desde que sou prefeito aqui.
- É que, um dia, antes do senhor ser prefeito eu vim buscar um documento, chegou um senhor com cara de chefe e me disse para ficar aqui, cuidando da tinta do balcão...
- Simples, assim?
- É, meu senhor, ninguém me disse que era pra sair daqui...
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Agora, a folclórica cena se repetiu no Denit. Na cara do ex-ministro Alfredo Nascimento, nas fuças de Pagot.
Fazendo negócios, liberando verbas, reunindo-se com autoridades, tratando de obras com empreiteiras, mandando e desmandando no Ministério dos Transportes, lá estava Frederico Augusto de Oliveira Dias, o Fred. Um ilustríssimo cabo-eleitoral de Valdemar da Costa Neto.
Ele tem lá dentro do ministério, desde 2008, uma sala do DNIT. Apresenta-se há coisa de três anos como “assessor do diretor-geral”. Não tem como ser demitido. Não pertence aos quadros funcionais da Pasta. E o ministro não sabia, Pagot também não, Lula então nem se fala e Dilma faz cara de paisagem.
A propósito, a figura do balcão era um velho e malandro funcionário municipal. Ary Alcântara não titubeou e demitiu o fantasmagórico personagem que o prefeito anterior lhe havia deixado como herança bendita.