BRASIL EM CRISE...
A PAUTA É OUTRA
Agora, com a porta arrombada, os jornais de cabo, dos seus cadernos de economia às páginas policiais; as redes de TV, dos seus noticiários aos interprogramas de finanças; as rádios e revistas só falam que o Brasil está em crise. Em crise econômica e financeira.
E já querem culpar a China que, há bem pouco veio fechar, com pompa e circunstância, um negócio de bilhões com o governo Dilma, como se fosse salvar a pátria energética e eletrocutora.
A questão já nem é se o Brasil está em crise ou não. A pauta é outra. O que os deformadores oficiais de opinião, da mídia e do governo, têm que noticiar agora é o que é certo de se fazer e o que é que o brasileiro tem que fazer com o país falido, quebrado, roubado e arrombado que esse governo que não rouba e nem deixa roubar está deixando como legado de sua incompetência e irresponsabilidade.
Minha infância atravessou o período de recessão que a Segunda Guerra Mundial nos legou. Naquele tempo aprendi que tinha que "limpar" o prato; não podia sobrar comida diante de ninguém à mesa. Só não aprendi a medir direito, confesso, as quantidades de comida das quais eu me servia. Acho que tinha o olho maior que a barriga.
Era meio egoísta, mas meus pais e meus tios, me moldaram, me ensinaram que naquela época cada vez sobrava mais mês no fim do dinheiro. E mais tarde, me dei conta que a solidariedade está nas coisas simples, como dizia aquele guri exibido fazendo xixi na piscina do clube: "se cada um colabora um pouco, essa piscina nunca vai esvaziar".
Naquele tempo, o padeiro e o leiteiro deixavam suas mercadorias na soleira da porta de sua freguesia. Os operários passavam com suas marmitas rumo a seus empregos e não tocavam naqueles objetos de desejo. Os padeiros eram honestos, os leiteiros eram honestos, os clientes eram honestos pagavam o pão e o leite no fim de cada mês, os trabalhadores que por ali passavam eram honestos, até seus sindicatos eram honestos.
Então, ainda falando sério, o que posso lhes dizer é que aquela geração saiu das dificuldades sem precisar de nenhum milagre brasileiro. Se bem que apareceu um Pai dos Pobres, mas o fim dele foi trágico. Coitado, ele foi honesto e corajoso no seu pior momento de sair da vida para entrar na história.
O que me assusta hoje é que, naquele tempo, as pessoas procuravam emprego e achavam; as pessoas que não tinham dinheiro não trampolinavam, não assaltavam e os que assaltavam não governavam. Acho que foi por isso que o Brasil saiu daquele regime brutal de fome e miséria.
Isso me deixa numa bola dividida: tenho orgulho de ter crescido naquele Brasil antigo e vergonha de viver nesse Brasil da Silva.