O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

19 de ago. de 2015

PAROLE, PAROLE, PAROLE...

Dilma agora só pensa naquilo. Não quer mais nada. É uma em cima da outra. Uma atrás da outra. Sem tirar nem pôr, uma conversa de cima abaixo, boca a boca, olho no olho.

Dilma só pensa em diálogo. É diálogo com os movimentos sociais, diálogo com o Senado e a parte que lhe toca no Judiciário; diálogo com uns aliados da Câmara e com uns lá que outros mais oportunistas que oposicionistas; diálogo até com certos jornalistas. Diálogo, diálogo, diálogo.

Ora, palavras são palavras. Palavras, palavras, palavras. Fosse na bela Itália, na Vechia Stivali, o Mussolini diria "parole, parole, parole...". Mas, é aqui mesmo e com esse papo, a criatura, obedecendo ao seu criador, está criando agora uma democracia de gabinete.

Eis que dos altos do Planalto vem aí então, minhas queridas companheiras e meus diletos companheiros, no lugar da democracia desastrada a democracia manipulada. E cesse tudo quanto a antiga vaca tussa que um mugir mais alto se alevanta.

Mas, não é tão fácil assim. Pode dar garrotilho. E aqui vou me valer de mais um papo, um diálogo, uma troca de paroles que tive ontem mesmo com Circe Maria, minha irmã, digamos, com know how social mais antigo que o meu. Ela me internetizava, enquanto viajava para Florianópolis, onde começa hoje mais uma temporada de Las Leñas com seus filhos Paulo, Fabíola e Matteo:

"É que uma democracia só pode ser construída quando emana do povo e passa a ser tarefa dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário constituídos para administrar o regime democrático e não para "criar" uma democracia quando bem lhes dá na telha".

E ela me dizia, antes de encerrar a conversa, o papo, o diálogo: "Não se deve esquecer que todo poder emana do povo e a ele será devolvido. Nada a ver com apenas votar!".

E ainda cutucou: "A gente não quer palavras vazias. A gente quer atitude. Esses que acham que o poder - e não o dever - é deles, são cegos e surdos, mas não são mudos".

Verdade. E o pior é que, sistemática e ditatorialmente, além de não serem mudos, a última palavra é sempre deles. É a que vale. Faz 30 anos que é assim nesse Brasil da Silva.