NÃO PERGUNTE O QUE ESSE GOVERNO
PODE FAZER E NÃO DEIXE O GOVERNO FAZER O QUE FAZ COM O BRASIL
Faz tempo que as pessoas se confessam desanimadas com os resultados das mobilizações populares que, malgrado venham dando um banho de democracia e pujança nos exércitos de Lula e nos pelegos dos "movimentos sociais" domesticados, não conseguiram ir além do horizonte por trás do qual se encontra o Brasil com que sonham as pessoas de bem.
Por vezes, esse sentimento andou rondando meu ânimo, minha alma, mas sempre rechacei a ideia, recusei e refutei o menor sinal de desistência pelas minhas - e suas - liberdades de crença, de pensamento e de expressão.
Embora o Day After dessas mobilizações de rua tenham deixado um certo ar de impotência diante do regime estabelecido, a sensação de impossibilidade não não foi, não é e nunca será bastante para me fechar os olhos e me fazer entregar os pontos.
Eu jamais perguntei o que esse governo pode fazer por nós, sei que ele não quer e não sabe o que fazer por nós. Eu sempre estive pronto, jamais me surpreendi, pelo que esse governo pode fazer com cada um de nós.
NÃO FOI EM VÃO
E as mobilizações, essas três últimas grandes manifestações de rua que começaram em julho de 2013, me mostraram com muita clareza que os redemocratizadores fundaram e implantaram uma democracia de gabinete. A multidão nas ruas não foi um movimento em vão.
Pode ter sido e deve ser o ponto de partida para se dar fim a esse arremedo de democracia que determina, dentro de gabinetes, com grupelhos de espertalhões que se dizem nossos representantes, o que é bom para eles e o que serve para o resto do país.
Pois, agora - justo por causa das mobilizações de rua - eu já sei o que lhes posso sugerir. E, ao contrário do que eles fazem, quero compartilhar com todos - tantos quantos eu possa alcançar em meus espaços virtuais e impressos - o que se pode estabelecer como estratégia efetiva de ação, para se dar fim a essa democratura e partirmos, uma vez mais, em busca da democracia pura e simples.
SE...
Se os exércitos de Stédile "bons de briga" invadem campos e fazendas, como se guerrilheiros rurais sejam, embora não saibam o que é um tomate ou uma melancia, por que nós não podemos também formar o nosso Movimento dos Sem Terra pela Paz no Campo e na Cidade?
Se é assim, então podemos começar entrando em suas sedes ou seus palanques, ainda que encontremos por lá Stédiles, Rainhas, o Reizinho e seus trabalhadores. Nada de desforço físico, apenas um democrático e saudável confronto de ideias. Bolas, se eles não têm terras, eu, você e 90% dos brasileiros também não têm.
Se hoje, duas dúzias de agitadores urbanos se dizendo sem teto invadem edifícios, prédios inteiros e interrompem a vida das cidades, então por que nós, brasileiros que não realizamos ainda o sonho da casa própria, não entramos nos gabinetes que tratam só do Minha Casa, Minha Vida porque os donos da democracia decidiram que é isso que o Brasil inteiro precisa e quer, ou pode?
Se, movidas pelas mesmas centrais sindicais, as greves paralisam escolas, indústrias, o ABC inteiro, cidades e capitais, por que nós não formamos o movimento Grevistas do Avesso que entrarão nos gabinetes das autoridades que deveriam estar tratando do assunto e os incitamos a trabalhar?
Se milícias fazem justiça com as próprias mãos e impedem o ir e vir nos morros, favelas e subúrbios, porque não fundamos nós os Justicialistas do Bem e da Ordem para entrar no gabinete do Ministro da Justiça, não para ouvi-lo discursar como advogado do governo, mas para ajudá-lo a fazer o que tem que fazer e não faz pela segurança, pelo sistema prisional, pela justiça nada mais que a justiça?
Se dez ou vinte concessionárias ganharam estradas de mão beijada para cobrar pedágio, por que nós, os brasileiros que andam para cima e para baixo pelas rodovias desse país, não entramos nos ministérios que terceirizam o território desse país e, fazemos com que as vias rodoviárias, ferroviárias, portuárias e de todas as dimensões sejam públicas novamente e sejam administradas por um governo que vai ter mesmo que ser honesto e trabalhador?
Se, 513 deputados e 81 senadores, mais seus policiais legislativos se julgam donos zelosos e guardadores não só do Congresso Nacional, mas da democracia brasileira, por que nós não entramos decidida e pacificamente lá, em gabinete por gabinete, e os fazemos ver que qualquer mobilização de rua pode e deve continuar pela Casa do Povo adentro?
Se, a Dilma Vana, seus 39 ministros, os 11 doutos julgadores do Supremo, os incontáveis presidentes de tribunais de todas as instâncias, os presidentes de partidos - todos eles de cabo a rabo - se julgam amos e senhores dessa democracia de gabinete, por que não nos organizamos nos nossos blocos de Guerrilheiros da Paz e do Trabalho e os fazemos trabalhar de verdade, como nunca antes na história desse país?
VALE A PENA
Bolas, o Brasil vale a pena. Não merece o governo e nem os governantes que tem. O Brasil não é idiota nem bandido para ter a democracia que tem.
Há dezenas de milhares de gabinetes de autoridades que não nos representam, "pedindo" para receber uma visitinha dos brasileiros de boa paz, indignados com essa ditadura de democracia em que os de sempre mandam e o povo nunca tem razão.