O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

18 de nov. de 2011

BRASIL SEM LIMITE

Ontem, com a mesma pompa e circunstância com que lançou o "Brasil sem Miséria", Dilma Rousseff inaugurou no Palácio do Planalto o "Viver sem Limite".

Reprodução/AE
Dilma chora diante do Brasil de verdade.

Meu filho, Marcelo, prestes a completar 50 anos de vida, estava lá, com o grupo da Pestalozzi de Brasília, onde ele estuda e sua irmã Luciana, piscóloga, é coordenadora-geral. Viu Dilma chorar emocionada diante de um cenário que, para ele e seus colegas de aprendizado só não era corriqueiro porque não tinha a simplicidade do seu cotidiano, da sua vida de sempre, de todos os dias.

O governo tem sido ótimo em criação de slogans e lançamentos de títulos de programas. Na prática a teoria é a outra. O governo faz saber, mas não sabe fazer. De boas intenções o inferno está cheio, já diziam os meus, os seus e também os antepassados da primeira-presidenta do Brasil.

A solenidade foi bonita, emocionante e cheia de boas vontades. Conspurcada, claro, pela presença de políticos bem arrumados na vida e que - ao que o marketing do Palácio faz crer - nada fizeram até agora pelas pessoas com deficiência. Tanto é verdade que um programa como esse de ontem é tão preciso e necessário que só agora foi lançado.

De todos que lá estavam e onde se encontrava o meu filho só havia uma enorme, uma incomensurável diferença: os iguais ao Marcelo não mentem. Nesses brasileiros sim, o Brasil pode acreditar.

Marcelo e seus amigos gostaram muito de conhecer o Palácio. Não gostaram mesmo foi de almoçar só às duas e meia da tarde, hora em que chegaram com sede e apetite redobrado na Pestalozzi. Nunca tinham se atrasado assim para o almoço.
RODAPÉ - Dia 18 de dezembro vai fazer 50 anos exatos que Marcelo foi vítima de negligência médica  - havia uma greve de profissionais nos hospitais da cidade - e pelo atraso nos procedimentos de parto, ele nasceu com paralisia cerebral. Marcelo e milhões de brasileiros semelhantes a ele, não sabem, nem precisam mentir para que sejam bons e bem amados.