E então, Agnelo passou recibo de R$ 5 mil para um lobista de remédios que fazia negócios com a Anvisa, então dirigida pelo médico que hoje governa Brasília. Não tendo como negar, procurou uma saída. Encontrou.
Lembrou-se que se tratava de um empréstimo que havia feito ao representante comercial e que, ele agradecido e honesto, em tempo lhe devolvera. Pronto. A desculpa não tem prova em contrário. Então tá valendo.
Pelo inusitado, a vida imita a velha piada. Lembra aquela dos compadres amigos? Pois foi assim. Há muito tempo que o compadre andava querendo comer a comadre. Naquele dia, o compadre tinha ido viajar. E o compadre do compadre foi pra cama da comadre. Lá estava ele peladão da Silva, enquanto a comadre se ajeitava no banheiro ao lado.
A porta se abre e, ao invés da comadre, surge-lhe pelas ventas a figura do compadre. Era só o que faltava. O marido surpreso e burro quis saber:
- O quié isso, compadre, o que cê tá fazendo aí, pelado na minha cama?
- Pois olha só, compadre... Eu tava por aí, sem nada pra fazer. A vida tava uma chatice. Aí eu resolvi...
- Resolveu o quê?
- Pois chateado desse jeito, eu disse pra mim mesmo: - Sabe duma, coisa? Não tô fazendo nada, vou lá na casa da comadre, só pra dá o bem bom pro compadre!
Se deu ou não deu, ninguém sabe, ninguém viu. O que valeu foi a explicação. A desculpa ficou valendo. O compadre nunca teve prova em contrário.