Virou moda: cada um desses ministros doidos varridos, um após outro, pronto bate e rebate propondo logo e de uma vez por todas a quebra de seus sigilos bancários e telefônicos. Como tudo na vida deles, isso não é de graça.
Nem é de graça também que a presidenta Dilma, diante de cada denúncia da mídia que provoca azia, saia aos brados retumbantes querendo as provas. Cadê as provas, cadê?!?
Tudo isso tem seu preço. E custa caro. Há preceitos tão resistentes quanto caducos de que, ao acusador cabe o ônus da prova. Mas tem que ser prova provada.
Indício é bom pra Sherlock Holmes. Não é qualquer Protógenes que desvenda mistérios sem matar a pau e mostrar a cobra. Muito menos, esses reles jornalistas investigativos que azucrinam cidadãos acima de qualquer suspeita.
As provas. Cadê as provas?!?
Bolas, tudo que dá pra rir, dá pra chorar. Tiririca, porque palhaço e deputado, dá pra rir. E pra chorar. ONGnelo Queiroz e ONGlando Silva são uma só coisa que dá pra rir e pra chorar.
Assim é que, como a prova se destina a firmar a convicção sobre a verdade dos fatos, a sua falta pode consagrar que a dúvida é a realidade de uma absolvição que nem precisa de inocência.
Abrir, escancarar contas bancárias e telefônicas é dar uma charmosa ajuda e uma astuciosa mão amiga ao Direito formal que, há muito tempo, nesse Brasil-Esperteza já fez sucumbir o Direito moral.
No mundo do crime, regido pelo Direito Penal, plantar indícios é tão eficaz quanto plantar factóides na política. Vale a pena para os malfeitores de malfeitos, a artimanha de abrir sigilos bancários e telefonicos.
É como faziam os maléficos e astutos personagens de Sir Arthur Conan Doyle: deixavam pistas falsas, ludibrios que, por tudo quanto indicavam, os levariam à inocência; que os safariam das acusações e de todas as suspeições.
A Justiça autorizou a quebra de sigilo e a profunda investigação das contas bancárias de ONGnelo e ONGlando. Era tudo que eles precisavam como atestado de idoneidade. Nada será encontrado em desabono a sua conduta. Lá não haverá nada de corrupto, de burla, de dolo, de fraude, trampolinice, trapaça, tratantice.
Terão, ao fim e ao cabo, o salvo-conduto, o passaporte para ir e vir - com ou sem escolta civil ou policial - como cidadãos acima de qualquer suspeita por todo território nacional, escaninhos de governo e praças de esporte onde brincam nossos filhos e se encontram nossas famílias.
Pela falta de prova provada, eles se sairão assim: absolvidos, mas não inocentados. O que resta disso tudo é que, pelo menos nas histórias de Sherlock, o criminoso sempre volta ao local do crime. Nesse caso, o malfeitor sempre volta ao local dos malfeitos.