Eva, a namorada de Zé Dirceu, estava de aniversário. O namorado resolveu comemorar a data com 25 convivas levados a reboque para a ilha de Fernando de Noronha. Isso não é para quem quer é pra quem pode.
Era Dia das Bruxas. Data solene em que foi feito o anúncio do câncer na garganta de Lula. Em meio àquela pequena amostragem de dolce vita do requintado retiro espiritual, chegou aos insulares a informação do mal de Lula.
Eva, já de volta à terra firme, contou depois para a colunista e também blogueira Mônica Bérgamo que foi a primeira vez que ela viu o namorado chorar.
Que tremenda notícia! Que furo! Zé Dirceu chorou pela voz de Lula.
A troco de quê se dá importância ao choro distante de um companheiro que anda escanteado pelo pranteado? Só por fria e calculada esperteza.
Bolas, o PT inteiro chorou e ainda chora o drama de Lula que, por ironia do Destino, está condenado a não fazer uso de seu melhor aparelho político, a voz rouca que há muito já saiu das ruas.
A confidência de Eva a Mônica foi feita de propósito. Só para dizer como Zé gosta de Lula; como são ligados umbilicalmente; como fazem falta um ao outro. Se a namorada tivesse olhado as águas que circundam a paradisíaca ilha onde festejavam suas risonhas primaveras veria ao redor do namorado, não só moluscos marinhos, mas crocodilos em sentidas lágrimas.
Vera e seu namorado deveriam ter mais respeito com o companheiro recluso ao aconchego do lar, em repouso forçado pelo ritual da quimioterapia a que se submete, antes de fazer uso do tumor na laringe. Comportando-se assim, apenas repetiram o que o próprio Lula fez ao pressionar Dilma a alijar da candidatura à prefeitura de São Paulo, a teimosa Marta - primeira vítima do mal que aflige Lula, o PT e seus companheiros que já foram íntimos e agora estão distantes.
Mas nesse meio, a fauna mais comum é esta mesmo. Mais que moluscos, mais que crocodilos, há traíras com espinhelas de escorpião, sempre à espreita e prontas para pegar carona. Depois é só agradecer com a picada mortal. É da sua natureza.