A VELHA RENÚNCIA
Os advogados de defesa de Eduardo Cunha já cogitam sua renúncia ao cargo de presidente da Câmara que ele nem sequer ocupa mais. Acham que com esse grandioso gesto, Cunha faria murchar a acusação de uso e abuso do poder para obstruir a justiça e provocar o impeachment da Dilma. A renúncia poderia acabar mantendo o mandato de deputado de Cunha. E não seria novidade nenhuma. Não faz muito tempo, Renan Calheiros fez isso mesmo. Renunciou à presidência do Senado, manteve o mandato senatorial e hoje preside novamente a Câmara Alta da República com toda pompa e circunstância.
CASAL 20
Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo, o arremedo sertanejo do Casal 20 da República, estão denunciados na Lava Jato. O par de vasos é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A boa notícia para eles é que serão julgados no Supremo Tribunal Federal - uma casa de amigos.
O SUPREMO EXCESSO DE PODER
Se há alguma coisa nessa República regida por uma perigosa democracia de gabinete que pode nos meter medo, essa coisa se chama Supremo Tribunal Federal. São 11 senhores de anéis e capinhas de Batman, com o poder supremo, definitivo e incontestável de julgar um país inteiro de acordo com suas carimbadas consciências e suas superlativas cabeças.
Antes que vocês prejulguem esse time completo de infalíveis, banquem o Cesare Lombroso e façam como ele fazia ao analisar os humanos que o intrigavam: passem os olhos com a devida atenção no perfil de cada figura daquele tribunal; olhem com profundidade a configuração craniana, a proeminência dos queixos, a projeção da testa de cada um desses implacáveis julgadores.
Experimentem fazer, como Lombroso fazia. E agora que você dedicou um pedacinho do seu tempo a essa ligeira avaliação, deixem que lhes pergunte: já lhes ocorreu que, apesar de sua supremacia absoluta, alguns deles podem revelar simples traços de senilidade mental, ou quem sabe até sinais do tão humano e corriqueiro Mal de Alzheimer?
Cada vez que me detenho a olhar o time completo do STF reunido, percebo alguns olhares e perfis que me amedrontam. Isso, sem contar jeitos e trejeitos, retóricas e pernosticismos de cada um deles... Sei lá por que razão que a própria razão desconhece, mas que o conjunto dessa supremacia jurídica me amedronta, me amedronta mesmo. Acho que é o excesso de poder que me mete medo.