O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

21 de fev. de 2016

SAUDADE ANTIGA DO
VELHO PAÍS DO FUTEBOL

"Brasil está vazio nas tardes de domingo, né! / Hoje, é domingo e aqui é o país do futebol!"... Eis que baixou em mim o sambão do velho e já passado Wilson Simonal, pois acabei de ver na TV um pênalti perdido. Bolas, um pênalti desperdiçado é um gol que jamais será marcado.

Daí viajei pela mesma tela até o campeonato espanhol. Mesmo quando o Barcelona não joga e Neymar tenha sido a atração do sábado, ainda assim eu assisto a todo e qualquer jogo da Terra das Touradas. Aquilo sim é que é hoje o legítimo lugar do futebol.

Eu não perco uma rodada do campeonato da Espanha. Mais por inveja, do que pela paixão ao esporte das multidões.

Ah que dor de cotovelo me dá, ao ver aqueles estádios lotados, sem botar gente pelo ladrão, mas cheios até aos últimos lugares marcados, as confortáveis cadeiras numeradas. Ah que despeito me invade, ver aquelas arenas sem telas, sem vandalismo; ver aqueles torcidas limpas, de aplausos e vaias de profunda e respeitosa rivalidade.

Cada jogo é um espetáculo de gala. Os jogadores são os artistas; os torcedores, a plateia e o futebol, ainda que muito bom, é o de menos.

Ah que saudade me dá de assistir a um Bra-Pel numa cadeira cativa do Pavilhão Gastaud, dos tempos em que a Avenida Bento Gonçalves nem era ainda a Boca do Lobo, lá na "minha pátria pequena que deixei no Sul".

Ou então a saudade é até de ir a um clássico Farroupilha x Bancário, no aconchegante estádio da Estação Ferroviária.

E que saudade me bate de, comendo pipoca e tomando Crush - o precursor da Mirinda, assistir a um clássico Gre-Nal no Estádio dos Eucaliptos, na velha Porto Alegre dos Casais.

Sem essa saudade antiga do velho e verdadeiro País do Futebol, não teria hoje o menor sentido e nem graça nenhuma ter inveja do campeonato espanhol.